Tão simpática essa expressão dos falantes de inglês. Just because. Você chega a um site de cartões virtuais e está lá a categoria: “just because”. Para-se no meio do dia, interrompe-se o trabalho, a revisão, a correção, o atendimento, o arquivamento, pensa-se em determinadíssima criatura e manda-se um cartão virtual assim, simples assim. Apenas porque. De repente é agosto (ou setembro), é inverno (ou verão), é terça-feira (quarta, sexta), dia de São Panfílio (ou Santa Gertrudes). Porque se acordou resfriado, porque o time joga hoje contra o Porangatubense, porque a meteorologia previu granizo para essa área escura do mapa, porque vai passar A lagoa azul na Sessão da tarde, porque a novela está na última semana, decretamos feriado. Hora de repassar a piada, de enviar o torpedo, de comprar o cartão-postal, de fazer o pavê de morango, de deixar o raminho de lavanda no travesseiro. Assim. Porque.
Vestimos a lingerie de seda importada sob o jeans e a camiseta da labuta. Comemos a trufa de sobremesa. Presenteamos a trufa de sobremesa. Vamos pela outra calçada. Vamos pelo outro quarteirão. Escutamos desapressados o garoto do violino. Trocamos o café pelo Ovomaltine. Roteirizamos o curta de animação. Fotografamos o jasmineiro do pátio. Matriculamo-nos na dança do ventre. Entramos no curso de francês. Saltamos dois pontos antes e seguimos descalços pela areia. Saltamos duas estações depois e visitamos o primeiro museu. Compramos o CD desconhecido. Vendemos o vestido de formatura. Decoramos três origamis. Comentamos em cinco blogs. Criamos um. Plantamos a semente de girassol. Oferecemos o buquê de tulipas. Escrevemos para o jornal. Inscrevemo-nos no concurso. Ressuscitamos sete contatos para um “olá” no Orkut. Marcamos convenção do Chapolim pelo Facebook. Deu na telha, deu vontade, deu saudade. Por quê? Porque.
Não estou, é claro, pirando na apologia da vontade soberana. Nossa vontade não é, não, soberana: acaba justinho em divisas de respeito, noção, caráter, juízo. Falo aqui da loucurinha inócua – necessária – que põe açúcar no day by day. Capricho de pequeno porte, capricho que é bagagem de mão. Pílulas de ser-humanice no meio do cimento. Sem esta sandice inesperada, sem este contrariar de nossos próprios planos, sem esta quebra de roteiro, o dia fica sendo (yaaaawn) exatamente o que seria. Que morna eficiência abraçamos. Que insossa produtividade engolimos. Que tediosa companhia nos somos (e, sim, é bem sem acento este “nos” – obliquamente).
Faça um favor, meu bem: olhe com menos desleixo, menos whatever, mais flerte e mais ternura este ser que o aguenta nas vinte e quatro horas do dia. Impressione-se.
9 comentários:
Adoreiiiiiiiiiiiiiiiii... ótimo seu post... escreve muito bem!
:)
http://paponalingua.blogspot.com/
A-M-E-I o post *-*
Dá uma passadinha lá!!!
http://echidellanima.blogspot.com/
Muuito bom ;D
lindooooo , aaaaaaaah !!!!!!!!!!1
uishiuhiash ,
estou seguindo seu blog !
segue o meu , se gostar ..
http://www.wanessacarvalhoem.blogspot.com/
um beijo ♥
aah achei bem fofo
grande Abraço
'The Dope Show'
É, as coisas ocorrem "Apenas porque" tem que ocorrer.
Ameeei
http://oicarolina.wordpress.com/
Uauuu!!! Como você escreve bem! E o mais importante: ESCREVE BONITO! TEM O QUE DIZER! Parabéns, menina!
E viva as sandices e o açúcar!!!
Beijo grande!
REALMENTE NANDITA... ESSE CARA TEM QUE OLHAR MAIS PRA VOCÊ NESSAS 24 HORAS DO DIA. ÓTIMA POSTAGEM, O DESENHO DO CEBOLINHA TÁ REPRESENTANDO UM MOMENTO QUE ESTOU PASSANDO AGORA. JUST BECAUSE AND SIMPLE AS THAT.
TEM POSTAGEM NOVA NO BLOG. PASSA LÁ, LEIA E COMENTE:
http://thebigdogtales.blogspot.com/
Ficou ótimo, parabéns!!!
Meu blog:
http://azizefashion.blogspot.com/
Minha page:
http://www.facebook.com/pages/AZIZE-FASHION/133491186723572
Twitter:
@AzizeFashion
@SamantaAzize
Comunidade:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=114794675
Postar um comentário