sexta-feira, 14 de outubro de 2011

No clima

Eles, coitados, acabam se destacando pelo erro. Quando acertam, damos de ombros com ar blasé: é o que se espera. Ai deles se derem mancada, com a fartura de recursos atuais. Seu decreto real mexe com o humor e o andamento do dia. Confiamos em sua sagrada atuação. Caso se enganem, sentimo-nos traídos. Pior: vez por outra, enganam-se e nos sentimos aliviados. Somos dependentes e torcedores contra. Clientes e (imaginários) boicotadores. Economistas? Árbitros? Goleiros? Também, mas não hoje. Hoje – Dia Nacional do Meteorologista.

Funçãozinha ingrata, a de quem não pode entregar em perfeitas condições o produto vendido. Quem carrega em anexo os baldes de frustração das noivas que casaram com chuva (vade retro!), dos turistas que levaram granizo no coco, das crianças que não foram à Disney por causa do ciclone. Pobres dos que divulgam na marra o feriadão nublado, pobres dos que não têm chance de prometer um janeiro azul. Mais ou menos (calculo eu) como ter de contar aos filhos que o notebook de Natal está fora do orçamento, ou como confirmar perante seus olhitos que Papai Noel não existe. Se bem que existe.

E não somos todos ligeiramente meteorologistas? Mulheres em especial, mestras em sentir o clima. Quando o guri está inadequadamente silencioso no quarto e adivinhamos um pesadume no ar, de tempestade se formando. Quanto o parceiro acorda instável, tendendo a chuvoso, e – sábias – evitamos proximidade de gestos ou assuntos que possam atrair os raios. Quando a turma chega ensolarada e deduzimos que há temperatura para brincadeira ou agendamento de prova. Nascemos telescópias nos olhos de ampliar detalhe, termômetras no jeito de perceber acolhida ou frieza, pluviômetras no dom de interpretar os índices de choro. Descobrimos, no olhar dos amigos, nimbos, estratos, dores e alegrias ao cúmulo. Toda mulher é meteorologista de gente. Todo meteorologista é leitor do mais feminino dos planetas – este que anda agora em permanente TPM, quenturas de menopausa ou gemidos de parto.

Aos meteorologistas, profissionais de longo nome e paciência comprida, vai o “muito obrigado” de quem escapou da enchente por um triz, de quem não deixou escapar a chance do passeio de barco, de quem se salvou da furada em alto-mar, de quem não marcou o voo para aquele semana nebulosa, de quem colocou o casaco na mochila, de quem levou mochila para colocar o casaco, de quem comprou um bolero a tempo para a festa, de quem agendou a festa em tempo enluarado. Para vocês, um dia de claro a excessivamente iluminado, sujeito a chocolates, pirilampos e fogos de artifício no decorrer do período.

(Seguirei torcendo para que errem toda e qualquer previsão de um janeiro não-azul.)

2 comentários:

Maíra Cintra disse...

Muito bom aki!
Voltarei sempre q puder!
Muito bom o post!
beijo
mairacintra.blogspot.com

jk disse...

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sigo quem me segue!
e So deixar um comentario com link do sei blog ok
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Blog de Humor muito bom segui ai e manda seu lihk
http://www.monstrolegal.com/

ja ta seguido me segui ok valeuu