Sou dos que jamais cogitariam trair Cordel encantado com qualquer outra novela. Pacto de sangue – cumprido à risca. Mas a vida segue, a fila das seis anda, e mesmo na inteira fidelidade à Novela das Novelas a pessoa quer se distrair. Comecei a ver A vida da gente. Primeiro capítulo correto. Texto OK. Fora a motherzilla da protagonista, personagens simpáticos ou, por baixo, toleráveis. Não acompanhei toda a saga familiar – perdi, inclusive, o episódio crucial do acidente –, mas decidi que uma convivência aqui e ali com a nova turma não fazia mal. Aceitando que eu (suspiro) jamais voltaria a vespertinar no reino de Seráfia. Que jeito.
De uns capítulos para cá, porém, tenho feito a maior questão de seguir a trama atual. O enredo se distanciou um pouco de Ana, a caçula em coma, e focou na dulcíssima irmã mais velha, Manuela (Marjorie Estiano). Manu é das mais luminosas personagens já paridas pela TV. Das mais limpas. Crescida sem pai, rejeitada de berço pela mãe (que, pior, criou-a), eterna e negativamente comparada ao sucesso da irmã, amadureceu assim mesmo sem resquício de inveja, ressentimento, azedume. Manu dirigia o carro que deixou a mana desacordada, Manu teve de optar entre salvar a bebê Júlia ou uma Ana inconsciente do fundo do lago. Fez o que qualquer um de nós, sã-consciente, teria feito – e não perdeu muito tempo sombreando-se de culpa previsível.
No momento, Manu mergulha em lago mais fundo e delicadíssimo, que é unir-se ao “viúvo” da irmã por amor inocente. Inesperado. Culpa houve; muita, chorada, mas não esgoelada o bastante para virar um bater de cabeça que amolasse o espectador. Culpa houve, mas a fila das seis anda, a vida segue, a vida da gente (título apropriadérrimo) caminha estradas obtusas e não razoáveis. O jeito único é razoabilizá-las com a possível doçura. Manu é a possível e encarnada doçura (algo mais admirável se lembrarmos de Marjorie como a irritada Natasha, a inacessível Marina, a ressentida Maria Paula). Manu é doçura que, conforme observou seu agora noivo Rodrigo, nunca se queixa de nada – sem com isso ilustrar a polianice educativa. Manuela é simplesmente sim, sol, abertura, cristal, janela, capim-limão, clara e fácil como a verdade. Simplesmente possível.
Tolice de autores pensar que novela boa se faz com elementos de aura ruim. Tereza-cristinices, por exemplo, andam me dando no estômago com suas ruindades nojentas, de excessivos decibéis. Manu é um tremendo antiácido. Manu faz bem. Que Pereirão o quê: Manu é que cortou dobrados e triplicados sem endurecer nem perder a ternura. Manu é mulher pra mais de metro.
De uns capítulos para cá, porém, tenho feito a maior questão de seguir a trama atual. O enredo se distanciou um pouco de Ana, a caçula em coma, e focou na dulcíssima irmã mais velha, Manuela (Marjorie Estiano). Manu é das mais luminosas personagens já paridas pela TV. Das mais limpas. Crescida sem pai, rejeitada de berço pela mãe (que, pior, criou-a), eterna e negativamente comparada ao sucesso da irmã, amadureceu assim mesmo sem resquício de inveja, ressentimento, azedume. Manu dirigia o carro que deixou a mana desacordada, Manu teve de optar entre salvar a bebê Júlia ou uma Ana inconsciente do fundo do lago. Fez o que qualquer um de nós, sã-consciente, teria feito – e não perdeu muito tempo sombreando-se de culpa previsível.
No momento, Manu mergulha em lago mais fundo e delicadíssimo, que é unir-se ao “viúvo” da irmã por amor inocente. Inesperado. Culpa houve; muita, chorada, mas não esgoelada o bastante para virar um bater de cabeça que amolasse o espectador. Culpa houve, mas a fila das seis anda, a vida segue, a vida da gente (título apropriadérrimo) caminha estradas obtusas e não razoáveis. O jeito único é razoabilizá-las com a possível doçura. Manu é a possível e encarnada doçura (algo mais admirável se lembrarmos de Marjorie como a irritada Natasha, a inacessível Marina, a ressentida Maria Paula). Manu é doçura que, conforme observou seu agora noivo Rodrigo, nunca se queixa de nada – sem com isso ilustrar a polianice educativa. Manuela é simplesmente sim, sol, abertura, cristal, janela, capim-limão, clara e fácil como a verdade. Simplesmente possível.
Tolice de autores pensar que novela boa se faz com elementos de aura ruim. Tereza-cristinices, por exemplo, andam me dando no estômago com suas ruindades nojentas, de excessivos decibéis. Manu é um tremendo antiácido. Manu faz bem. Que Pereirão o quê: Manu é que cortou dobrados e triplicados sem endurecer nem perder a ternura. Manu é mulher pra mais de metro.
Um comentário:
vejo um post muito bem escrito.
Não gosto de novelas, acho uma chatisse... mas você escreve muito bem...
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