O que nos choca não é a morte. É a morte quando já nos desacostumáramos dela.
Wando nos pregou essa peça. Esperou-nos sossegar contentes quanto a seu estado de saúde, ou bem gentilmente (como fazem os sedutores) garantiu nossa segurança antes de se ausentar. Levou nossa ternura à porta de casa e ali a deixou, confiante de sua recuperação, antes de dizer boa noite. O embuste generoso dos galãs. Só o tempo de uma última piscada.
Mesmo os que têm exclusivamente João Gilberto, Michel Teló, Andrew Lloyd Weber ou Mendelssohn recheando o mp3 não puderam saber a morte de Wando sem sangrar um pouquinho. Despudor tão maravilhoso não fazia inimigos; independia de se considerar cafonice, derramamento, exagero. Aliás, até por isso. O cancioneiro de Wando era a safadeza autorizada, higiênica. Era o recreio da Academia. O lado B matreiro e assumido da intelectualidade. O desafogo da psicologice, as férias da politização, do feminismo sisudo. Era a bobagem honesta, o romantismo malandrão que primeiro saiu do armário. A paixão sem neura – com camisola transparente de andar em casa.
Se eu gostava do repertório? Gostava (gosto) de “Fogo e paixão” e seu erotismo ingênuo, feito para gritar feliz em festa ploc, balançando os braços. Admito não conhecer suficientemente o resto. Não precisa. Quem canta a amada como “raio, estrela e luar/ manhã de sol”, quem se reconhece amado com a candura de um “me chama de céu”, já tem camarote no Olimpo. E ninguém torça o nariz à brincadeira das calcinhas: apenas uma licença, cortês, de o mulherio brincar de ser desejado. Um susto de autoestima antes de voltar à programação normal.
Beijão e até mais, Wando. Valeu ter chovido em nossa música um pouco de sins, e nunca de nãos. Você é luz.
Wando nos pregou essa peça. Esperou-nos sossegar contentes quanto a seu estado de saúde, ou bem gentilmente (como fazem os sedutores) garantiu nossa segurança antes de se ausentar. Levou nossa ternura à porta de casa e ali a deixou, confiante de sua recuperação, antes de dizer boa noite. O embuste generoso dos galãs. Só o tempo de uma última piscada.
Mesmo os que têm exclusivamente João Gilberto, Michel Teló, Andrew Lloyd Weber ou Mendelssohn recheando o mp3 não puderam saber a morte de Wando sem sangrar um pouquinho. Despudor tão maravilhoso não fazia inimigos; independia de se considerar cafonice, derramamento, exagero. Aliás, até por isso. O cancioneiro de Wando era a safadeza autorizada, higiênica. Era o recreio da Academia. O lado B matreiro e assumido da intelectualidade. O desafogo da psicologice, as férias da politização, do feminismo sisudo. Era a bobagem honesta, o romantismo malandrão que primeiro saiu do armário. A paixão sem neura – com camisola transparente de andar em casa.
Se eu gostava do repertório? Gostava (gosto) de “Fogo e paixão” e seu erotismo ingênuo, feito para gritar feliz em festa ploc, balançando os braços. Admito não conhecer suficientemente o resto. Não precisa. Quem canta a amada como “raio, estrela e luar/ manhã de sol”, quem se reconhece amado com a candura de um “me chama de céu”, já tem camarote no Olimpo. E ninguém torça o nariz à brincadeira das calcinhas: apenas uma licença, cortês, de o mulherio brincar de ser desejado. Um susto de autoestima antes de voltar à programação normal.
Beijão e até mais, Wando. Valeu ter chovido em nossa música um pouco de sins, e nunca de nãos. Você é luz.
4 comentários:
Muito bom seu pot , Beijos ! seguindo retribui ?
http://meninaatreviida.blogspot.com/
Meu ai ai , meu io io ... ' que descance em paz ! Confira, Blog Spiderwebs - faça parte deste teia.
http://www.sabrinnagomes.blogspot.com te seguindo..
Triste mesmo :/
http://evelisemarques.com.br/
Lindo seu post-homenagen , impossível será esquecer suas canções ...
http://fleonandthecity.blogspot.com/
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