Outra do Face; citação atribuída
à minha xará Fernanda Longatto: “Por um mundo com menos ‘estou com saudades’ e
com mais ‘desce que eu estou te esperando’”. Curti e compartilhei,
naturalmente. Tal qual a autora, eu creio na prática. Creio na prova. Creio no
mundo que cansa de ficar dando pinta com palavra bonita de rede social e parte
pro vamuvê. O mundo que finalmente se percebe exausto de teorias, obeso mórbido
de promessas, farto e refarto de lero-lero que engravida, engravida e não dá à luz.
Não que eu seja modelo de resolucionismo – I wish; empurro para adiante o mais
docemente possível cada perrenguice não urgente. Mas não falo de perrenguices.
Falo de coisas teoricamente amadas, de desejos supostos. De quereres que
insistimos em querer devagarinho demais, low-profily demais, quem sabe com o
medo eterno de desmistificar os privilégios não eternizados. Quem sabe com o
medo eterno de corromper em fatos o até então sonhado como privilégio. Com o
terror de buscar o clímax para não desencantar a relação. Com o mau e velho pânico
de sair da caverna.
Sair da caverna é preciso,
contanto que para maior luz. É preciso desengavetar necessidades de viagem,
necessidades antigas, compridamente acalentadas, ainda não materializadas em
trens e aviões porque nos vem sendo mais reconfortante suspirar “um dia” do que
nos meter em consulados, passaportes, bagagens e poupanças. É preciso efetuar o
encontro com a passada turma, ainda não organizado porque talvez nos fique mais
macio trocar textos, fofices e amabilidades facebookas do que encarar rugas
atuais – amarrotamentos físicos ou simbólicos. É preciso escrever para aquele
amor mais primeiro e infinito, ainda não procurado porque temos o receio
absurdo de ser imaginados como já não somos, em vez de assumir que estamos
muito melhores e mais próximos do que idealmente seremos. É preciso enviar o
currículo que ficou pardo de espera no armário, o currículo ainda não
endereçado porque, no fundo, por mais que nosso trabalho faça o inferno de cada
dia, é já o inferno mapeado – e tomar uma atitude salvadora nos põe menos
apaixonadinhos pelo destino super-herói. É preciso economizar hoje o primeiro
real da festa. É preciso experimentar hoje a primeira ideia do vestido. É
preciso encomendar hoje o primeiro mimo da troca de presentes. É preciso tomar
hoje a primeira colherada do tratamento. É preciso pagar hoje a primeira
parcela da segunda chance. É preciso pegar hoje os filhos na escola e lanchar aquela conversa. É preciso se declarar.
É preciso escolher a cor. É preciso mandar o cartão de desculpas. É preciso
comprar o ingresso da peça. É preciso surpreender a criatura específica com o
ingresso da peça. Com o beijo de e-foram-felizes. Com a cesta de café da manhã.
Com o quadro finalmente na parede. Com o filme alugado de uma vez. Com a
hospedagem-surpresa da amiga de São Luís. Com a mala feita. O hotel reservado.
A passagem garantida. Bora?
Bora. Melhor que agora não há, pra dar entrada nos papéis de ser feliz mais cedo.
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