Tenho
cinco cores preferidas, nenhuma das quais foi usada nas paredes aqui de casa
que fogem do bege. Sempre achei mais fofildas as bonecas pretinhas. Eu jamais
teria ficado com o Raoul: viveria subterrânea e lovemente com o Fantasma da
Ópera. Eu provavelmente adotaria uma criança se quisesse ter filhos, mas,
infelizmente, a ideia da maternidade me aterroriza. Meu personagem amado de Criminal minds é o genial, avoado e
franzino Spencer Reid. Sofro de uma incompetência vergonhosa em me localizar. Se
fosse escolher dois superpoderes impossíveis: eu me teletransportaria e seria
capaz de persuadir pessoas com um toquezinho. Amo as Audreys – Hepburn e Tatou.
Adoro os rosas – flor, cor, Noel, Samuel, Murilo, Guimarães. Lá pros 13 anos,
deixei o aparelho móvel cair numa poça da rua. Passei de isentona desinformada
a esquerda consciente e convicta.
Já cinderelei
duplamente numa festa junina dos primeiros anos de escola: consegui perder os
dois sapatos na quadrilha. Gosto montes de dançar, mas não espere que eu saia à
noite, baby. Misturo termos de outras dimensões e outras línguas porque um só
idioma é cheio de insuficiências. Dificilmente uso caneta que não de quatro
cores. Não acredito em horóscopo, então a informação de que alguém é taurino
com ascendente em Leão e lua em Capricórnio soa, para mim, como o teorema de
Pitágoras explicado em sânscrito. Já comprei livro de esperanto em um sebo de
rua com o único fim de achar nomes legais para personagens. (Entretantomente,
tenho uma preguiça monstro de escrever ficção.) Eu dizia que iria fazer mestrado,
mas agora penso what the hell e sinto friacas de horror ao lembrar o dialeto
acadêmico. Um dia considerei bonitas as mesóclises cafonééééérrimas. De
esporte, só tolero ginástica olímpica e patinação no gelo (para assistir
sentadinha, é claro).
Nunca
tive uma Barbie. Nunca viajei sozinha. Nunca li Macunaíma. Meu cabelo é virgem. Não sei fazer as unhas. Não gosto
nadinha de macho alfa. Não sou fã de lasanha. Meu organismo tem antipatia por
lactose. Entrei pela primeira vez no Maracanã aos 24 anos. Outro dia sonhei que
um cara dentro do metrô me entregava 200 euros (estou aceitando). Odeio
palmito. ODEIO cigarro. Aprendi a gostar de (algumas) sopas. Olho tanto homens
quanto mulheres quando são bonitos, pela paixão purinha das coisas bonitas. Sou
mais de acarinhar do que de ser acarinhada. Sou louca em tecidos orientais. Levo
garrafinha d’água na bolsa o tempo todo. Sento sempre na ponta porque, com a
timidez dos livres, curto poder voar sem incomodar ninguém.
(Uma mentirice só, que também incomoda nada: essa datazinha 10 aí da
publicação. O texto nasceu depoooois, preguiçoso, macunaímo, inocente e
pós-datado. Mas que voe agora, que é quando ficou sendo – voe este filho
todinho eu, gêmeo meu com ascendente em insuficiências.)
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