Pois é: voltei. Depois de exatinhos dois meses, taí, voltei. Voltei de um ponto distinto, de uma vida completamente nova, como pessoa alegremente diferente. Voltei quilômetros adiante do lugar de onde parti.
E olha que muito me custa isso – voltar. Nos últimos capítulos, fiquei tendo certeza de não ser uma criatura que volta. De viagem, por exemplo. Todo mundo não diz que o melhor de viajar é estar outra vez em casa? Balela. Por mais enraizada que esteja no local onde moro, me apego tão furiosamente às cidades visitadas que, se na hora certa não me metessem no carro (ônibus, avião), eu adotava com delícia o novo endereço, fugida. Sumia no oásis. O mais recente foi em Gramado. Como retornar de um paraíso natalino, chocolático, nojentamente civilizado feito Gramado? Após o primeiro passeio noturno (luz! luz! luz! luz!), virei nativa. Mas o choque maior foi a volta de Orlando: nem bem a roda do avião tocou o Rio, rebentei num choro desesperadíssimo. Inconsolável. Até hoje não sei como segui sobrevivendo ao desgosto da comparação.
Muito menos sei voltar de férias. Desde pequetita. Mais como professora do que como aluna, topar a perspectiva de um ano letivo me embrulha de horrores o estômago. Não é bonito, é a verdade. Fazer o quê? Muito lindo, muito proveitoso existir gente que se amofina nas férias, que se chateia no descanso, que não vê a hora de um expedientezinho arrancá-la da TV. Quem me dera ser dessas. Com o casamento, agora, a volta é um inconveniente duplo: promete me arrancar da juntice do marido, quase ininterrupta há dois meses. (Danem-se as teorias certíssimas a respeito de independência dos cônjuges, espaço próprio e interesses distintos. Me sinto assaltada.)
Não me mal-entendam. Não rejeito visceralmente o trabalho por querer não me dar a ele; rejeito-o por me dar além da conta, sem prazer nem retribuição. Rejeito-o não por preguiça: por absurdo cansaço. Assim como a este Rio de Janeiro de tantas decepções. De tão frustradas tentativas. De tantas vergonhas. No correr do tempo e da idade, cada vez menos me acostumo a transitar do bom para o ruim, do ideal para o estorvante, do humanizado para o caótico. Voltar do Natal para o carnaval, do cinema para o BBB, da literatura para as manchetes de jornal, do aeroporto para o metrô: amostrinhas de inferno.
Meu problema é me habituar à felicidade (perigosamente) rápido demais.
E olha que muito me custa isso – voltar. Nos últimos capítulos, fiquei tendo certeza de não ser uma criatura que volta. De viagem, por exemplo. Todo mundo não diz que o melhor de viajar é estar outra vez em casa? Balela. Por mais enraizada que esteja no local onde moro, me apego tão furiosamente às cidades visitadas que, se na hora certa não me metessem no carro (ônibus, avião), eu adotava com delícia o novo endereço, fugida. Sumia no oásis. O mais recente foi em Gramado. Como retornar de um paraíso natalino, chocolático, nojentamente civilizado feito Gramado? Após o primeiro passeio noturno (luz! luz! luz! luz!), virei nativa. Mas o choque maior foi a volta de Orlando: nem bem a roda do avião tocou o Rio, rebentei num choro desesperadíssimo. Inconsolável. Até hoje não sei como segui sobrevivendo ao desgosto da comparação.
Muito menos sei voltar de férias. Desde pequetita. Mais como professora do que como aluna, topar a perspectiva de um ano letivo me embrulha de horrores o estômago. Não é bonito, é a verdade. Fazer o quê? Muito lindo, muito proveitoso existir gente que se amofina nas férias, que se chateia no descanso, que não vê a hora de um expedientezinho arrancá-la da TV. Quem me dera ser dessas. Com o casamento, agora, a volta é um inconveniente duplo: promete me arrancar da juntice do marido, quase ininterrupta há dois meses. (Danem-se as teorias certíssimas a respeito de independência dos cônjuges, espaço próprio e interesses distintos. Me sinto assaltada.)
Não me mal-entendam. Não rejeito visceralmente o trabalho por querer não me dar a ele; rejeito-o por me dar além da conta, sem prazer nem retribuição. Rejeito-o não por preguiça: por absurdo cansaço. Assim como a este Rio de Janeiro de tantas decepções. De tão frustradas tentativas. De tantas vergonhas. No correr do tempo e da idade, cada vez menos me acostumo a transitar do bom para o ruim, do ideal para o estorvante, do humanizado para o caótico. Voltar do Natal para o carnaval, do cinema para o BBB, da literatura para as manchetes de jornal, do aeroporto para o metrô: amostrinhas de inferno.
Meu problema é me habituar à felicidade (perigosamente) rápido demais.
4 comentários:
naum conhecia seu blog mais gostei, voltarei mais vezes
http://diariodealunos.blogspot.com/
Muitas vezes nos perdemos mesmo sabendo onde estamos, perdemos o interno. A felicidade se esconde quando não imaginamos e quando não pensarmos nem racionalizarmos muito a mesma, ela surge e se você reparar bem, ela dura rápidamente eterno. Amei. Bjo!
naachng.wordpress.com
As mudanças são necessárias para nossos amadurecimento.
Esse ano, to nessa fase. Quero reinventar,pensar sempre PRA FRENTE !!!
Beijos.
Oi, Fernanda! Primeiro, parabéns pelo casamento!!!
Eu te entendo perfeitamente, vou voltar à labuta na sala de aula, depois de dois anos de licença e dedicaçao exclusiva à minha pesquisa.
Também não me entenda mal, adoro o meu trabalho, mas só quem é professor sabe (ou melhor, nunca sabe)o que esperar de cada turma. Bjs.
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