Então é isso. Amanhã me caso. Mais cedo que eu esperava, apesar dos meses de preparação; nenhuma preparação dá conta de nosso despreparo. Amanhã cruzo definitivo o portal do mundo adulto. Lembra quando dizíamos “no futuro”? “um dia”? É amanhã que ele mora.
Já estou (assim continuarei nos meses seguintes) em arrumações neuróticas dentro e fora, para ser capaz de atravessar a soleira do tomo 2. Porque é um tomo 2. O segundo volume da gente. Faço os necessários da rotina e, num só tempo, ela malvadamente me engole. O mundo tirou férias de si mesmo. Eu estou temporariamente suspensa de mim. Voltamos em alguns anos com a nossa programação normal.
É muito dia pra caber num dia só. Amanhã a pessoa civil tem revoluções e a pessoa jurídica, cabeleireiro. Despedidas para uma, maquiagem para outra (eu que não uso maquiagem ever – mas convém, por tradição talvez, que não pareçamos conosco no casamento, uma vez suspensas temporariamente. Um clone seguro e pestanudo assume). Azia para uma, aceno de miss para outra. Amanhã estarei emprestada a uma eu oficial, enquanto me transformo à paisana. Amanhã estarei vulcão debaixo do sorriso Disney.
Antes que me tomem por já ritalinada das ideias, o porquê do título. É parte da citação lindinha de Guimarães Rosa – do conto “Substância” – que escolhemos para o convite: “Só o um-e-outra, um em-si-juntos, o viver em ponto sem parar, coraçãomente: pensamento, pensamor. Alvor. Avançavam, parados, dentro da luz, como se fosse no dia de Todos os Pássaros”. Assim me sinto, coraçãomente em voo. Buscando um quê que não sei e pousou além de tudo que já consegui ser.
Adeus às (minhas) armas. É amanhã. Amanhã.
(P.S.: Por motivos escandalosamente óbvios, pela primeira vez me ausentarei do Lugarzito. Volto quando, em todos os conotativos e denotativos sentidos, aterrissar.)
Já estou (assim continuarei nos meses seguintes) em arrumações neuróticas dentro e fora, para ser capaz de atravessar a soleira do tomo 2. Porque é um tomo 2. O segundo volume da gente. Faço os necessários da rotina e, num só tempo, ela malvadamente me engole. O mundo tirou férias de si mesmo. Eu estou temporariamente suspensa de mim. Voltamos em alguns anos com a nossa programação normal.
É muito dia pra caber num dia só. Amanhã a pessoa civil tem revoluções e a pessoa jurídica, cabeleireiro. Despedidas para uma, maquiagem para outra (eu que não uso maquiagem ever – mas convém, por tradição talvez, que não pareçamos conosco no casamento, uma vez suspensas temporariamente. Um clone seguro e pestanudo assume). Azia para uma, aceno de miss para outra. Amanhã estarei emprestada a uma eu oficial, enquanto me transformo à paisana. Amanhã estarei vulcão debaixo do sorriso Disney.
Antes que me tomem por já ritalinada das ideias, o porquê do título. É parte da citação lindinha de Guimarães Rosa – do conto “Substância” – que escolhemos para o convite: “Só o um-e-outra, um em-si-juntos, o viver em ponto sem parar, coraçãomente: pensamento, pensamor. Alvor. Avançavam, parados, dentro da luz, como se fosse no dia de Todos os Pássaros”. Assim me sinto, coraçãomente em voo. Buscando um quê que não sei e pousou além de tudo que já consegui ser.
Adeus às (minhas) armas. É amanhã. Amanhã.
(P.S.: Por motivos escandalosamente óbvios, pela primeira vez me ausentarei do Lugarzito. Volto quando, em todos os conotativos e denotativos sentidos, aterrissar.)