Adorei quando soube. No casamento de Felipe Dylon e Aparecida Petrowky, em dezembro último, o noivinho se atropelou nos votos e, em vez de dizer “Te recebo como esposa”, lançou: “Te recebo como surpresa”. Naturalmente todos riram, o moço ficou sem jeito, deve ter posto a culpa no nervosismo e logo emendado com a frase corrigida. Mas adorei. Não o erro, está claro (que só chama de “gafe” quem tem muito jiló no coração); adorei a verdade flagrada por trás do ato falho.
Quando recebemos, recebemos como surpresa. Filhos: espera-se um advogado que curta Beatles, vem um metaleiro que pesquisa conchas marinhas. Espera-se uma modelo, vem uma talentosíssima agente funerária. Ou física quântica. Ou trigêmeas. Amigos: antipatiza-se de cara com a perua tagarela, ela vira sua confidente mais versada em Jung. O colega-alma-gêmea discorda violentamente de suas posições políticas. O estagiário “adotado” se mostra parceiraço de balada e excelente babá dos filhos. Trigêmeos.
Sobretudo amores, namorados e namoradas, maridos e esposas: sonha-se o príncipe meloso ou o guerreiro espartano, a rainha do baile ou o misto de Supernanny com Palmirinha, e quem nos chega é o operário lacônico, a executiva exausta, a viciada em grife com fobia de barata, o cabeça-nas-nuvens que ronca, o perfeccionista que embala cuecas a vácuo, a popular que paga 800 reais de telefone. Mas vem também o chef que não suspeitávamos, o craque em aspirador de pó que não conhecíamos, a escrevedora de bilhetinhos fofos, a elogiadora sincera, a massagista quase profissa, o comprador inesperado de rosas, o lembrador de datas importantes que não ousávamos imaginar nem sobre cavalo branco. Chega gente pra gente: carne, osso, manias, vícios; cismas, traumas, vocações. Convicções. Chega gente distinta, palpável, real, às vezes terrivelmente oposta à própria capa, às vezes só diversa por um ou outro easter egg tropeçado no caminho. Chegam-nos surpresas – porque vivas.
Surpresas que (garante a experiência popular) tendem ao desagradável após o casamento. Pois caio no 1% que discorda. Hoje completo dois meses redonditos de união; e não paro de ter espantos felizes com o tanto de serenidade e facilidade com que nossas rotinas se abraçaram, com que nossos receios se apaziguaram, com que nossas necessidades se confundiram. Se assombros houve, foi porque assombrosamente nos aprendemos. Um ao outro e cada qual em si. Aprendemos a ser o que precisávamos de modo uno, duplo, particular e recíproco.
Parabéns por nossos dois meses, meu Fábio. Te recebo ainda, feliz e sempre como festa-surpresa.
Quando recebemos, recebemos como surpresa. Filhos: espera-se um advogado que curta Beatles, vem um metaleiro que pesquisa conchas marinhas. Espera-se uma modelo, vem uma talentosíssima agente funerária. Ou física quântica. Ou trigêmeas. Amigos: antipatiza-se de cara com a perua tagarela, ela vira sua confidente mais versada em Jung. O colega-alma-gêmea discorda violentamente de suas posições políticas. O estagiário “adotado” se mostra parceiraço de balada e excelente babá dos filhos. Trigêmeos.
Sobretudo amores, namorados e namoradas, maridos e esposas: sonha-se o príncipe meloso ou o guerreiro espartano, a rainha do baile ou o misto de Supernanny com Palmirinha, e quem nos chega é o operário lacônico, a executiva exausta, a viciada em grife com fobia de barata, o cabeça-nas-nuvens que ronca, o perfeccionista que embala cuecas a vácuo, a popular que paga 800 reais de telefone. Mas vem também o chef que não suspeitávamos, o craque em aspirador de pó que não conhecíamos, a escrevedora de bilhetinhos fofos, a elogiadora sincera, a massagista quase profissa, o comprador inesperado de rosas, o lembrador de datas importantes que não ousávamos imaginar nem sobre cavalo branco. Chega gente pra gente: carne, osso, manias, vícios; cismas, traumas, vocações. Convicções. Chega gente distinta, palpável, real, às vezes terrivelmente oposta à própria capa, às vezes só diversa por um ou outro easter egg tropeçado no caminho. Chegam-nos surpresas – porque vivas.
Surpresas que (garante a experiência popular) tendem ao desagradável após o casamento. Pois caio no 1% que discorda. Hoje completo dois meses redonditos de união; e não paro de ter espantos felizes com o tanto de serenidade e facilidade com que nossas rotinas se abraçaram, com que nossos receios se apaziguaram, com que nossas necessidades se confundiram. Se assombros houve, foi porque assombrosamente nos aprendemos. Um ao outro e cada qual em si. Aprendemos a ser o que precisávamos de modo uno, duplo, particular e recíproco.
Parabéns por nossos dois meses, meu Fábio. Te recebo ainda, feliz e sempre como festa-surpresa.
5 comentários:
own tadinho dele , mais acontecem nos melhores relacionamentos HAHAH .
http://www.blogescolhas.tk
O casamento eh uma surpresa mesmo...por sao duas pessoas criadas por diferentes pais e muitas vezes de valores diferentes.
Cada dia eh uma surpresa..rs
nem sei se vou casar algum dia
http://rocknrollpost.blogspot.com/
Muito legal! Surpresas são melhores do que coisas tão marcadas,combinadas!
Adorei o blog.
http://brunacmourao.blogspot.com/
Haha.. imagino a cara dele nessa hora, deve ter ficado mto envergonhado por errar. Mas, no fim até que ficou engraçado e bonitinho.
Parabéns pelod 2 mases de casada. Que vc e seu esposo sejam uma surpresa adorável um para o outro, eternamente.
Saudades da suas visitas no meu cantinho, se puder, passa lá depois.. http://rejane-ferreira.blogspot.com/
Beijos e um ótimo fim de semana. =)
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