Hoje é aniversário de Charles Darwin: 203 anos. Ainda tem gente que se dá ao trabalho de polemizar sua Teoria da Evolução das Espécies, achando-a (sei lá por quê) incompatível com os preceitos religiosos. Bobagem. O causo é que cada um fala, numa língua diferente, exatamente a mesma coisa – que somos criaturas fadadas ao aperfeiçoamento em todos os sentidos. Concordo em gênero e número, e em grau concordara se concordância de grau houvera. Porém faço um adendo ao assunto, repetindo a frase curta e adequadíssima que já ouvi de uma atriz: “Tudo aquilo que não evolui – involui”.
Parece tolamente óbvio. Não é. Não é óbvio porque julgamos caminhar inevitavelmente para a melhoria física, mental, espiritual, etceteral; e, quando não estivermos evoluindo, quando estivermos afundados na mais perfeita nulidade dos dias, achamos possível ficar sentados à beira da estrada, sem ir para trás ou para diante, dando um break do mundo e tomando a fresca. O problema é que não existe ficar parado. Não rola de descermos do planeta numa estação qualquer e irmos ali tomar um sorvete, permanecendo inalterados no enquanto-isso. Gente não vem com tecla pause. Se apeamos de nossa vidinha, na ilusão de daqui a pouco retornarmos a nós, o tempo segue e implacável nos atropela, em sua cegueira de crescimento. Servirmos ou não para o outro: a maior das seleções naturais.
Porque não chega a seu filho, o pai (ou mãe) indiferente cria ressentimentos irreversíveis. Porque se mantém pasmado e ranzinza diante das tecnologias, o funcionário vai pra lista de demissão. Porque nunca se animou a buscar agradinhos – feitos, comprados, beijados, ditos –, o cidadão recebe os papéis do divórcio. Porque se lixou para feitos, comprados e ditos do candidato, o cidadão recebe as más novas no contracheque. Se não nos lançamos, derrubam-nos. Se não nos mostramos, abandonam-nos. Se não caminhamos, ultrapassam-nos. Se não voamos, caímos. Se não bracejamos, afundamos.
Não há conservar-se: há melhorar ou piorar, crescer ou secar, cumprir-se ou se perder. Há luta, há procura, há tentativa e erro, há vontade e estudo, há treino e psicologia, há grito, há sede, há fome. Há a fome interminável que acomete o mundo, a fome de quem o gire, de quem o apreenda, de quem o puxe ou empurre, contanto que não o emperre. Há os superantes e os superados, os marcantes e os esquecidos, os construtores e os destruidores. Há os que prosseguem e os que se deixam. Há os que se atiram e os que se deitam. Os que vão e os que medram. Os que escrevem e os que se rasgam. Os que se jogam na lata ou no lixo. Os do circo. Os da cerca. Os da ajuda e os da jaula. Fortes que amam, frágeis recolhidos pela coleta seletiva.
Para tudo o mais, não há vagas.
Parece tolamente óbvio. Não é. Não é óbvio porque julgamos caminhar inevitavelmente para a melhoria física, mental, espiritual, etceteral; e, quando não estivermos evoluindo, quando estivermos afundados na mais perfeita nulidade dos dias, achamos possível ficar sentados à beira da estrada, sem ir para trás ou para diante, dando um break do mundo e tomando a fresca. O problema é que não existe ficar parado. Não rola de descermos do planeta numa estação qualquer e irmos ali tomar um sorvete, permanecendo inalterados no enquanto-isso. Gente não vem com tecla pause. Se apeamos de nossa vidinha, na ilusão de daqui a pouco retornarmos a nós, o tempo segue e implacável nos atropela, em sua cegueira de crescimento. Servirmos ou não para o outro: a maior das seleções naturais.
Porque não chega a seu filho, o pai (ou mãe) indiferente cria ressentimentos irreversíveis. Porque se mantém pasmado e ranzinza diante das tecnologias, o funcionário vai pra lista de demissão. Porque nunca se animou a buscar agradinhos – feitos, comprados, beijados, ditos –, o cidadão recebe os papéis do divórcio. Porque se lixou para feitos, comprados e ditos do candidato, o cidadão recebe as más novas no contracheque. Se não nos lançamos, derrubam-nos. Se não nos mostramos, abandonam-nos. Se não caminhamos, ultrapassam-nos. Se não voamos, caímos. Se não bracejamos, afundamos.
Não há conservar-se: há melhorar ou piorar, crescer ou secar, cumprir-se ou se perder. Há luta, há procura, há tentativa e erro, há vontade e estudo, há treino e psicologia, há grito, há sede, há fome. Há a fome interminável que acomete o mundo, a fome de quem o gire, de quem o apreenda, de quem o puxe ou empurre, contanto que não o emperre. Há os superantes e os superados, os marcantes e os esquecidos, os construtores e os destruidores. Há os que prosseguem e os que se deixam. Há os que se atiram e os que se deitam. Os que vão e os que medram. Os que escrevem e os que se rasgam. Os que se jogam na lata ou no lixo. Os do circo. Os da cerca. Os da ajuda e os da jaula. Fortes que amam, frágeis recolhidos pela coleta seletiva.
Para tudo o mais, não há vagas.
5 comentários:
INVOLUÇÕES RELIGIOSAS...
Acho que não existe essa história que o homem e a evolução dos macacos. Acho que esse homem está errado a certo ponto.
Acho que não evoluimos tanto...temos que aprender a coexistir com nosso planeta e animais em paz.
A raça humana evoluiu muito fisicamente, mas, involuiu enquanto humanos.
Acho que até evoluimos em alguns pontos mas em dado momento da história a evolução diminuiu o ritmo, não diria que parou pois a vida assim como tudo está sempre em movimento, em busca de algo mesmo que isso seja feito num ritmo mais lento que, talvez, precise de um chacolhada para mudar as coisas de verdade. Parece que para haver um evolução importante é preciso que haja um revolução antes de mais nada.
Parabéns pelo texto, colega, como sempre um excelente proposta de reflexão de qualidade.
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