Hoje é Dia da Sedução – e saber disso irá, talvez, motivar este ou aquela a passar na sex shop favorita para garantir a última novidade em brinquedinhos. O gelzito que esfria (ou esquenta) com gosto de pera siciliana, a fantasia de gueixa normalista, o aparelho que vibra tocando em estéreo a música do casal, a lingerie vermelho-Ferrari com pele de leopardo. Nada contra. Superválido. Desde que não se ligue o nome à pessoa errada; desde que não se entenda por sedução essa Marquês de Sapucaí amorosa. Umazinha ou outra artimanha inesperada pode até (na eventualidade, na medida, no contexto) ajudar a forrar o ambiente de alegria e convite. O excesso soa a histeria. Feito maquiagem agressiva que enfeia a beleza no lugar de ressaltá-la, o exagero de aparências arranca da sedução o posto que verdadeiramente lhe cabe: o do segredo.
Sedução é arte de chamar sem revelação nem grito, arte de sombra e sussurro. Não é pegar, é guardar. Não é incendiar, é derreter. Não é desvelar-se com desespero, mas o contrário: vestir um mistério só pouquinho transparente, entreabrir a porta para alimentar a gula, em vez de escancará-la prometendo saciedade. A gente pode achar que seduz com pose de Playboy, 500 ml de peito e batom de coelhinha, e no entanto serve a mero fast food de desejo, como Big Mac para a fome urgente. Sedução é vagarosa, vinho de safra gorda que não se entrega ao paladar sem demorar no perfume. Entra na memória antes de ser pedido pelo estômago. Sedução é fazer-se indispensável mil anos antes do primeiro toque – por razões essencialmente desconhecidas.
As razões têm de ser desconhecidas. Indefiníveis. Inexprimíveis. Tão frescas como secretas para o seduzido. Que seja esse jeito inimitável de já acordar cheirando a jasmim, que seja a maneira eterna de olhar sorrindo sem pingo de ironia, que seja o ar de iluminação inexplicável ao embalar bebês com cantigas russas, que seja a segurança incompreensível em adivinhar preferências com exatidão de mago. Que seja o que não poderia; não o que se aguardava; não o que se entende. Sedução é, da parte agente, silêncio e cálculo; da parte caçada, assombro.
Seduzir não é puxar pra cama, não é ganhar pra hoje. É pegar pra sempre.
Sedução é arte de chamar sem revelação nem grito, arte de sombra e sussurro. Não é pegar, é guardar. Não é incendiar, é derreter. Não é desvelar-se com desespero, mas o contrário: vestir um mistério só pouquinho transparente, entreabrir a porta para alimentar a gula, em vez de escancará-la prometendo saciedade. A gente pode achar que seduz com pose de Playboy, 500 ml de peito e batom de coelhinha, e no entanto serve a mero fast food de desejo, como Big Mac para a fome urgente. Sedução é vagarosa, vinho de safra gorda que não se entrega ao paladar sem demorar no perfume. Entra na memória antes de ser pedido pelo estômago. Sedução é fazer-se indispensável mil anos antes do primeiro toque – por razões essencialmente desconhecidas.
As razões têm de ser desconhecidas. Indefiníveis. Inexprimíveis. Tão frescas como secretas para o seduzido. Que seja esse jeito inimitável de já acordar cheirando a jasmim, que seja a maneira eterna de olhar sorrindo sem pingo de ironia, que seja o ar de iluminação inexplicável ao embalar bebês com cantigas russas, que seja a segurança incompreensível em adivinhar preferências com exatidão de mago. Que seja o que não poderia; não o que se aguardava; não o que se entende. Sedução é, da parte agente, silêncio e cálculo; da parte caçada, assombro.
Seduzir não é puxar pra cama, não é ganhar pra hoje. É pegar pra sempre.
Um comentário:
Que lindo, ainda mais o final, ficou perfeito. :)
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