Olha lá ela de novo – balofa, quase inteira, linda, linda, branca de cegar. Lua crescente, véspera de cheia. Ando na rua duplamente embasbacada: hipnotizada por ela, bêbada dela, e besta que ninguém mais pareça tão impressionado. Que âncora pesará sobre as cabecinhas que não se erguem? Gente, olha ali. Ali, céu limpo, nada de nuvens, nenhuma desculpa pra não notar. Na sua frente, enorme, olha! E o pessoal vem, vai docemente atarefado, encarando com excessiva naturalidade a beleza explícita.
Desde pequena fico aturdida com ela. Permaneço suspensa naquela redondice brilhante e nos pontinhos das estrelas. Céu estrelado me embevece a ponto de eu caminhar de maneira temerária, prestes a beijar o primeiro poste. Uma boniteza que faz sofrer, porque não quero terminar de olhar e sei que a noite bonita termina. Que pena, que pena que a maioria acha comum uma beleza normal. Porque, claro, ter lua e estrela penduradas no céu é absolutamente normal. Mas achar (qualquer coisa) comum é tirar-se a chance de esbarrar por aí com o extraordinário. Olhos encostados no hábito não veem o extraordinário. Olhos embaçados não se deliciam. Contam com a sorte de (não) ver isso tudo de novo amanhã. Como diriam as chamadas da Globo para a série – olha que nome propício – O astro: será?...
É bom fazer por merecer aquilo de que ainda vamos sentir saudade.
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