Hoje tem comemoração fofa na Gália: o Dia da Fada Madrinha. Pode acreditar, os gauleses se dão a essa homenagem curiosíssima. Estão certos, por que não? poucas figuras são tão queridonas e negligenciadas quanto essas consertadoras profissionais. Sem a figura de vovó adorável em Cinderela, que seria da cena de transformação do vestido – uma das mais catárticas já feitas? Sem a Fada Azul, que seria de Pinóquio e suas pinoquices mentirosas, eternamente de madeira? Sem Fauna, Flora e Primavera, que seria de Aurora e sua morte incapaz de virar sono? Fadas são o mundo vestido de mãe; suprem a cota de acalanto a que tem direito todo personagem órfão do resto.
O grande lance deste dia é que fada-amadrinhar é para todos. Deve ser para todos. Não só podemos como temos a obrigação de trabalhar como possibilitadores. Como facilitadores. Pontes. Lanternas que juntem uma criatura ao caminho que ela não enxerga. Tudo bem que não dispomos de varinhas cheias de salagadula, que não podemos criar roupas de festa instantâneas entre um bíbidi e um bóbidi. Mas podemos (não podemos?) reunir peças para os desabrigados das chuvas de janeiro, integrar o grupo de costura voluntária, dar cinco reais na rifa que garantirá o vestido da filha da manicure, cujo maior sonho é debutar. OK: não estamos aptos para transformar madeira em gente. Mas podemos (não podemos?) escutar com paciência as memórias de idosos esquecidos no cantinho; podemos dar aula num pré-vestiba comunitário; podemos instruir um cidadão anônimo a tirar sua certidão de nascimento; podemos um milhão de coisas que ajudem o outro a assegurar sua gentice. Está certo: não podemos evitar a morte com feitiços carinhosos. Mas custa (custa?) orientar desde cedo o filho a não dirigir se beber – ou não beber se dirigir? Custa zelar pelos pequenos (próprios e alheios) na escada rolante, na escada normal, na piscina, na varanda, perto do forno, da panela, da janela, da tomada, da tesoura, do botijão? Custa mandar lavar as mãos, olhar pros dois lados, não correr com vidro, não brincar com fogo, não botar na boca, não desafiar doença? Só custa se estivermos mais impossibilitados que Pinóquio de virar meninos de verdade.
Ser fada madrinha é que nem o América: o segundo time de todos. Não tem quem possa dizer que não nasceu para, mesmo por dez minutos, fazer o outro feliz pra sempre.
O grande lance deste dia é que fada-amadrinhar é para todos. Deve ser para todos. Não só podemos como temos a obrigação de trabalhar como possibilitadores. Como facilitadores. Pontes. Lanternas que juntem uma criatura ao caminho que ela não enxerga. Tudo bem que não dispomos de varinhas cheias de salagadula, que não podemos criar roupas de festa instantâneas entre um bíbidi e um bóbidi. Mas podemos (não podemos?) reunir peças para os desabrigados das chuvas de janeiro, integrar o grupo de costura voluntária, dar cinco reais na rifa que garantirá o vestido da filha da manicure, cujo maior sonho é debutar. OK: não estamos aptos para transformar madeira em gente. Mas podemos (não podemos?) escutar com paciência as memórias de idosos esquecidos no cantinho; podemos dar aula num pré-vestiba comunitário; podemos instruir um cidadão anônimo a tirar sua certidão de nascimento; podemos um milhão de coisas que ajudem o outro a assegurar sua gentice. Está certo: não podemos evitar a morte com feitiços carinhosos. Mas custa (custa?) orientar desde cedo o filho a não dirigir se beber – ou não beber se dirigir? Custa zelar pelos pequenos (próprios e alheios) na escada rolante, na escada normal, na piscina, na varanda, perto do forno, da panela, da janela, da tomada, da tesoura, do botijão? Custa mandar lavar as mãos, olhar pros dois lados, não correr com vidro, não brincar com fogo, não botar na boca, não desafiar doença? Só custa se estivermos mais impossibilitados que Pinóquio de virar meninos de verdade.
Ser fada madrinha é que nem o América: o segundo time de todos. Não tem quem possa dizer que não nasceu para, mesmo por dez minutos, fazer o outro feliz pra sempre.
3 comentários:
Muito bom!
Adorei o post, ainda mais porque quando pequenininha, a minha afilhada achava que madrinha era fada-madrinha e repetia para todo mundo que tinha uma fada-madrinha de verdade.
Obviamente, eu, a madrinha promovida à fada, adorava o título dado por aquela menininha de 3 anos!
Muito bom o post. =)
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