domingo, 16 de abril de 2017

Coisas para fazer em vez de trabalhar até os 70 anos ou até que a morte nos (se)pare

Escrever uma nova versão de Romeu e Julieta. Encarar aquela tirolesa do País de Gales que já apareceu no Globo repórter e vai de um lado a outro do abismo. Ler para cegos. Encher de fofura as tardes de velhinhos abandonados. (Finalmente) aprender francês. Digitalizar fotos dos anos 80 que estão virando um ser amorfo e estranhamente rosado. Traduzir poemas que não têm versão decente em brasileiro. Levar à Disney crianças que não poderiam nunca. Começar a produzir bijuterias da horinha. Tecer um canteiro de rosas vermelhas – balofas, repolhudas. Dar um destino ecológico à papelada. (Finalmente) limpar as gavetas do banheiro.

Cursar como ouvinte umas matérias iradas de Psicologia, em universidade pública (se ainda as houver). Estudar grafologia. Riscar a cidade a pé da Zona Norte à Zona Sul. Reler tooooodos os infinitos romances do século XIX que dão escoliose na prateleira. Aprender tricô e crochê. Ficar hoooooooras naquelas máquinas de pescar brinquedinho, até a garra de mão mole se dignar a engalfinhar algum. Namorar. Namorar em Paris. Morar em Paris. Assistir toda semana a um filme classicão nunca visto. Flanar pelo Centro visitando sebos. Repintar as paredes. (Finalmente) encontrar A peça de decoração para a parede do quarto. Peregrinar por locações famosas de cenas queridas. Participar de uma Comic-Con em trajes de Luke ou de Loki.

Cantar num coral. Fazer rafting. Montar um boneco de neve. Planejar festas temáticas. Caçar músicas improváveis de artistas perfeitamente desconhecidos. Pintar. Lanchar na Colombo. Militar na internet. Vender trecos sem uso pela internet. Ir às manifestações contra reformas que nos querem trabalhando até os 70 anos. Pôr as séries em dia. Pôr o blog em dia. (Finalmente) pôr o sono em dia. Fazer amizade com transeuntes escolhidos de modo randômico. Ajudar amigos com as cerimonialices do casamento. Ajudar amigos com as reformas (essas sim) do apartamento. Adotar um bichinho fofo. Criar um perfil do bichinho fofo para abastecer a rede de doçura.

Passar o fim de semana vendo vídeos de coelhinhos, miniporquinhos e bebês japoneses. Pesquisar as melhores montanhas-russas do planeta. Pesquisar os melhores preços em tooooodos os mercados. Pesquisar os melhores destinos exóticos. Fabricar os próprios enfeites de Natal. Colecionar dedicatórias encontradas em feiras de livros. Organizar coletas de roupas e alimentos para os desabrigados. Dar uma força na construção de novas casas para os desabrigados – ou na reedificação das antigas. Comprar manuais de mágica e treinar truques simplinhos. Instalar uma buganvília na varanda. Aprender o basiquete de costura e marcenaria. Ter aulas de dança de salão. (Finalmente!!!) não corrigir mais redação. (Possivelmente) reduzir ou eliminar remédio antidepressão.

Viver.

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