terça-feira, 28 de junho de 2011

Com as duas mãos

A crônica da Martha na Revista dO Globo, domingo retrasado (19/06), apontava algo encantador em relação ao Japão: os nativos usam ambas as mãos para entregar-lhe o troco ou devolver o cartão de crédito, por exemplo. “Repare bem: entregar qualquer coisa com as duas mãos é uma reverência, não uma banalidade”, afirma a autora. Certíssima, Martha. Quando estendemos um único braço no cumprimento, já é ato de cordialidade e consideração; quando estendemos ambos, porém, e estreitamos de propósito a mão do outro entre as nossas, não o fazemos apenas para quem tem camarote vip em nossos afetos? como se nas mãos criássemos um berço pronto para recebê-lo inteiro – carinhosa, furiosa e incondicionalmente? Oferecemos uma das mãos para nossos pares; as duas, para os ímpares. Uma para nossa turma; ambas, para nossa realeza. O lado direito por educação; o direito e o esquerdo, por devoção. Principalmente o esquerdo.

Pois é com as duas mãos – e com quantas mais eu tivesse – que entrego este postzito à minha irmã aniversariante, hoje completadora de &%$# anos (não seria nada japonês revelar a idade de uma dama). Minha irmã que, desconfio, fez questão de chegar antes ao mundo para me receber nele com as duas mãos, e com quantas mais tivesse. Que tolera sua abusada caçula a filar-lhe doses de shampoo, bocadas de lanche e goles de chá, e tantas explicações de matemática no passado, e tanta tinta de impressora e tanto socorro com o computador que, meu Deus do céu, está agindo tão estranho! no futuro. Irmã que com vossa licença, leitor, não entrego a mais ninguém com mão nenhuma, ninguém tasca, ora se...!

A você, maníssima, vai a homenagem tão menorzinha que troco de iene, tão menos poderosa que cartão de crédito, mas ainda assim ofertada sem os limites numéricos de um e outro: simplesmente porque. Porque nos foi dado começar e prosseguir, sempre, lado a lado.

Principalmente do esquerdo.

7 comentários:

Unknown disse...

muito bom seu blog parabéns

http://www.bestfakesnet.blogspot.com/

Garcez disse...

hahaha... mulher esconde a idade mas nao deixa de falar que é mais nova que determinada irmã... ninguem nunca gosta de ser a mais velha... legal é q voce achou um jeito hábil de dizer q sua irmã é mais velha...

▬▬▬

eu resolvi reativar o meu blog
quando tiver um tempo... passa lá!
ouvindoparalamas.blogspot.com

abraços

Dona Ana disse...

Estender as duas mãos é como um abraço tímido, bj.

Cássio disse...

Nossa, nunca tinha pensado nisso, pra variar ideia oriunda do Japão, ele pra mim são tão entendidos em expressões, veja os mangas por exemplo... ou mesmo essas carinha que nós a vezes utilizamos na internet, tipo ¬¬", -.-, *.*, tudo criação deles...
Blog novo, impressionado com o fato de que vc post todos os dias, se não pelo menos nos últimos dias, parabéns!um exemplo pra eu me inspirar e não parar por uns períodos.Já estou seguindo!
Fica o convite, blog referente a cultura pop em geral, post recente do livro "Aconteceu em Woodstock"
http://sprechstdu.blogspot.com/

Nubia Santos disse...

Que linda homenagem ! Você escreve muito bem.Já estou seguindo ;)

Janaina Stachi Boracini disse...

Belíssima homenagem à sua irmão.
Meus parabéns à ela!

Beijos e abraços.

http://semdorsemvitoria.blogspot.com

Paulão Fardadão Cheio de Bala disse...

No Japão, pra xingar uma pessoa, vc tira elementos da frase, ao contrário do ocidente, onde vc adiciona. Assim sendo, lá, uma frase ofensiva é: "O senhor é um mau motorista" pq dispensa as normas formais de educação: "O honorável senhor qdo tomado pela pressa deixa de ser um bom condutor, mas está perdoado" (ou coisa q o valha, não manjo de japonices).

Já aqui, dizer q alguém é um mau motorista pode dar causa a tapinhas nas costas, e vc só expressa a verdadeira intenção da sentença encompridando-a: "Lazarento filho da puta cu sujo do caralho, vai fechar a mãe!".