Não tenho saudades balofas e grandes, aquelas que nascem de mortes e sumiços e paralisam a vida como veneno de baiacu. Tenho um grupão de saudades pequenas. Médias, vá lá.
Saudades, se não da escola – porque me lembro cristalinamente de meu sofrimento com físicas e matemáticas, bem demais para romantizar de dourado essa época –, ao menos dos primeiros ventinhos de verão que sopravam na última semana de provas gritando: férias. Saudades das tardes lanchadas com broinha de fubá, café com leite e Super Vicky. Saudades das manhãs brincadas no jardim. Das manhãs cantadas no balanço de duas cadeiras. Das manhãs deslizadas de patinete. Saudades dos sábados idos com Mãe ao cinema e às casas de chá – variadas. Dos domingos passeados nos cavalitos da praça. Saudades de pão doce com creminho amarelo. Saudades de pipoca com manteiga descomprometida.
Saudades do calçadão da Barra. Do mar de Cabo Frio. Do cheiro de mato, ah!, do cheiro de mato dos hotéis-fazenda. Do cheiro de café e cavalo dos hotéis-fazenda. Das leituras no quarto dos hotéis-fazenda. Dos bingos, festas, horários e eventos malucos dos hotéis-fazenda. Saudades de ver o Baggio perder o pênalti em 94. Saudades de acordar deslumbrada com os presentes que contornavam o sapatinho no dia 25. Saudades de atacar chocolates após a missa de Sábado de Aleluia. Saudades do supermercado Paes Mendonça.
Muitão felizmente, não há saudades maiores ou menores do que fui. Creio – quero crer – que com muito mais completude e eficiência, com muito menos sofreres e tolices eu prossiga sendo. Não tenho saudades de mim porque nunca desviei de mim. Fui-me fiel. Inclusive na necessária mutabilidade. Terei, sim, a partir da semana que vem minha primeira e maior saudade balofa – a casa que é uma víscera de mim, meus pés, minhas mãos, e que tem dentro meus outros tantos corações de família, sempre tão coexistentes, sempre tão próximos. Enfim saberei uma ausência que sangre. Que rasgue. Uma ausência sentida por gente grande, sem esparadrapo nem paliativo. Um volume 2 do romance.
Venham as saudades, coisa de pessoa viva. Que apenas pousem mansinhas, que evitem ser súbitas, cheguem com a consideração delicada de não esmagar os ombros. Sendo eu (ainda) pequena demais para virar gente demasiado grande.
Saudades, se não da escola – porque me lembro cristalinamente de meu sofrimento com físicas e matemáticas, bem demais para romantizar de dourado essa época –, ao menos dos primeiros ventinhos de verão que sopravam na última semana de provas gritando: férias. Saudades das tardes lanchadas com broinha de fubá, café com leite e Super Vicky. Saudades das manhãs brincadas no jardim. Das manhãs cantadas no balanço de duas cadeiras. Das manhãs deslizadas de patinete. Saudades dos sábados idos com Mãe ao cinema e às casas de chá – variadas. Dos domingos passeados nos cavalitos da praça. Saudades de pão doce com creminho amarelo. Saudades de pipoca com manteiga descomprometida.
Saudades do calçadão da Barra. Do mar de Cabo Frio. Do cheiro de mato, ah!, do cheiro de mato dos hotéis-fazenda. Do cheiro de café e cavalo dos hotéis-fazenda. Das leituras no quarto dos hotéis-fazenda. Dos bingos, festas, horários e eventos malucos dos hotéis-fazenda. Saudades de ver o Baggio perder o pênalti em 94. Saudades de acordar deslumbrada com os presentes que contornavam o sapatinho no dia 25. Saudades de atacar chocolates após a missa de Sábado de Aleluia. Saudades do supermercado Paes Mendonça.
Muitão felizmente, não há saudades maiores ou menores do que fui. Creio – quero crer – que com muito mais completude e eficiência, com muito menos sofreres e tolices eu prossiga sendo. Não tenho saudades de mim porque nunca desviei de mim. Fui-me fiel. Inclusive na necessária mutabilidade. Terei, sim, a partir da semana que vem minha primeira e maior saudade balofa – a casa que é uma víscera de mim, meus pés, minhas mãos, e que tem dentro meus outros tantos corações de família, sempre tão coexistentes, sempre tão próximos. Enfim saberei uma ausência que sangre. Que rasgue. Uma ausência sentida por gente grande, sem esparadrapo nem paliativo. Um volume 2 do romance.
Venham as saudades, coisa de pessoa viva. Que apenas pousem mansinhas, que evitem ser súbitas, cheguem com a consideração delicada de não esmagar os ombros. Sendo eu (ainda) pequena demais para virar gente demasiado grande.
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