Leio em outra ótima coluna de Alberto Goldin (na penúltima Revista dO Globo) o caso de uma moça de 32 anos que já ficou com vários, mas nunca namorou. “Tive paixões platônicas, e parece que, quanto mais impossível a situação, mais eu me interesso”, expõe a consulente que se assina como Isabel. O consultado é, como de costume, lapidar. Faz sua historinha-analogia de sempre: a de dois gêmeos diferentes na personalidade, um prático e um sonhador. O primeiro pediu e ganhou uma prancha de surfe no aniversário. O segundo não ganhou nada – não por ser menos amado, mas porque simplesmente não pediu; “perdeu a oportunidade por não ter decidido uma opção dentre seus múltiplos desejos”, analisa Goldin. E o autor completa ecoantemente o primeiro parágrafo: “Concluímos que se faz necessária uma medida lógica no desejo, porque querer demais pode ser o melhor procedimento para não receber nada. O perfeito é inimigo do bom”.
Como discordar da verdade colocada pelo psicanalista em tão cheias palavras? Somos efetiva e afetivamente perfeitistas, muitos de nós. Perfeccionismo já é (quando excessivo) ruim; perfeitismo é pior. O perfeccionista atravanca a vida ruminando, polindo e repolindo o já feito e recebido, algumas ou muitas doses mais que o necessário. O perfeitista sequer tem o feito e recebido para polir; não faz e não recebe até que seus ideais excepcionalmente maravilhosos se materializem justinho como desejados. Desejados, vírgula. Tidos como. Porque o desejo não-impostor é força motora de busca, e não freio. O “desejo” dos perfeitistas é traje passeio do medo, o terno-e-gravata vestido pela covardia para conseguir dar as caras em ambiente social.
Não é que não possamos ou devamos ser perfeitos. Não devemos é querer ser só perfeitos, e do contrário manter a cabeça enfiada na terra, orgulhosamente. Vaidade besta. Preguiça burra. Como se a perfeição (supostamente) desejada fosse um aplicativo downloadeável, em vez de um troféu sofrido, suado, labutado da hora do nascimento ao segundo da morte. Como se houvesse a vida dos sonhos comercializada em versão solúvel. Plenitude instantânea. Felicidade em pó. É pensamento equivalente, no vestuário, a ter duas alternativas: ficar nu ou usar roupa de grife. Perfeitistas optam por se esconder pelados em suas cavernas. Sensatos fazem o melhor look com o basiquete que têm no armário e vão batalhar a compra das futuras etiquetas. Licencinha aí, platônicos, opa, olha o pé, com licença, volto para uma visita depois de curtirem sua sessão diária do teatro de sombras no fundo da gruta.
Perfeitismo? Não, obrigadim, já sou comprometida: a perfeição me aguarda impaciente no fim da estrada de tijolinhos. Tenho mais o que viver.
Como discordar da verdade colocada pelo psicanalista em tão cheias palavras? Somos efetiva e afetivamente perfeitistas, muitos de nós. Perfeccionismo já é (quando excessivo) ruim; perfeitismo é pior. O perfeccionista atravanca a vida ruminando, polindo e repolindo o já feito e recebido, algumas ou muitas doses mais que o necessário. O perfeitista sequer tem o feito e recebido para polir; não faz e não recebe até que seus ideais excepcionalmente maravilhosos se materializem justinho como desejados. Desejados, vírgula. Tidos como. Porque o desejo não-impostor é força motora de busca, e não freio. O “desejo” dos perfeitistas é traje passeio do medo, o terno-e-gravata vestido pela covardia para conseguir dar as caras em ambiente social.
Não é que não possamos ou devamos ser perfeitos. Não devemos é querer ser só perfeitos, e do contrário manter a cabeça enfiada na terra, orgulhosamente. Vaidade besta. Preguiça burra. Como se a perfeição (supostamente) desejada fosse um aplicativo downloadeável, em vez de um troféu sofrido, suado, labutado da hora do nascimento ao segundo da morte. Como se houvesse a vida dos sonhos comercializada em versão solúvel. Plenitude instantânea. Felicidade em pó. É pensamento equivalente, no vestuário, a ter duas alternativas: ficar nu ou usar roupa de grife. Perfeitistas optam por se esconder pelados em suas cavernas. Sensatos fazem o melhor look com o basiquete que têm no armário e vão batalhar a compra das futuras etiquetas. Licencinha aí, platônicos, opa, olha o pé, com licença, volto para uma visita depois de curtirem sua sessão diária do teatro de sombras no fundo da gruta.
Perfeitismo? Não, obrigadim, já sou comprometida: a perfeição me aguarda impaciente no fim da estrada de tijolinhos. Tenho mais o que viver.
5 comentários:
Recusar o perfeitismo como também o perfeccionismo, porém é necessário não se distanciar do que é certo para evitar o imperfeito.
Po muito tempo eu fui vitima do perfeitismo. Hoje eu já me permito errar sem ser auto-punitivo. A vida é feita de escolhas. Nada nela é perfeita, mas podemos torná-la interessante e marcante. Devemos fazer as escolhas certas.
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blogestarcomvoce.blogspot.com
Eu acredito que tudo na vida é uma questão de escolhas e tudo aquilo que fazemos é consequencia do que acontece por ela msm.
Acho que as pessoas precisam esperar mais!
Não é que não possamos ou devamos ser perfeitos. Não devemos é querer ser só perfeitos..
Isso resume tudo!!
Parabénss!
http://futeblog-blogmaster.blogspot.com/
Olá Fernanda!
Qnt tempo hein?! Vim pra dizer q não me esqueci de vc nem desse lindo e tão especial lugar. Sumi por falta de tempo e peço mtas desculpas por isso. Espero que esteja td mto bem com vc.
Qnto ao texto, mto interessante, me fez refletir bastante. Nada de perfeitismo, já me basta o meu perfeccionismo. Rsrs.. =)
Beijos e um abraço carinhoso.
http://rejane-ferreira.blogspot.com/
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