domingo, 26 de junho de 2011

We are family

Não quis comentar na postagem de ontem porque preferi um parêntese fofo. Na mesma reportagem do Jornal Hoje que tratou do boom de casamentos no Japão, a camiseta de um rapaz entrevistado me deixou perplexa. Trazia estampado um monstrinho preto, cabeludo, ao lado de sua palhetinha de pintor. Poucas pessoas de 31 anos o reconheceriam, mas esta é a vantagem de ter irmã nove anos mais velha: vivem-se duas infâncias, nasce-se em duas gerações. E, por causa da infância dela – que se derramou pela minha –, tive a delícia de reencontrar ali meu velho amigo: um dos integrantes da família Barbapapa. Santa ploquice japonesa, Batman!

Os Barbapapas, chiquérrimos, nasceram em Paris (o nome de família vem do termo francês para “algodão-doce”) e protagonizaram animaçõezinhas saborosas no fim dos anos 70, exibidas pela Globo, além de ganharem um LP que escutei – querendo ou não – vezes a fio. Apesar do formato, eram joões nada bobos: o casal de adultos (Barbapapa e Barbamama) tinha sete rebentos coloridamente felizes, verdadeiro arco-íris de energia. A cada barbinha era atribuída uma característica: Barbabela (lilás) era a vaidosa; Barbaclic (azul), o cientista; Barbacuca (laranja), a estudiosa; Barbalala (verde), a musical; Barbaploc (vermelho), o esportista; Barbazoo (amarelo), o ecológico; e Barbatinta, que enfeitava o peito do transeunte japonês, o artista. Muito meu favorito, Barbatinta era apresentado pela narração do disquinho como o “único peludo numa família de pelados”. Adoro até hoje o trecho da canção que o descrevia: “É preto e como adora ser pintor! Às vezes tem manchinhas de outra cor...”.

Contentes em sua diversidade, os barbas eram hábeis numa coisa em comum: “mudar de forma e jeito”. Moldavam o próprio corpo a seu gosto e, sempre unidos e solidários, ajudavam-se (e aos outros) nos mais variados perrengues. Franceses de alminha elástica, brasileira. Uma curiosidade era a escolha da cor do patriarca, talvez inviável em nossos dias de vigilância e maledicência: “Barbapapa é cor-de-rosa, é mais rosado que uma rosa...”, dizia a musiquinha com a inocência que os anos não trazem mais. Ninguém se impressionava. Tento adivinhar a recepção que esses versos teriam, por exemplo, entre os baixitos da creche ali da esquina.

Mas isso é assunto para um próximo Darwin.

7 comentários:

CAMILA de Araujo disse...

Que curioso! Meus irmãos são 15 anos mais velhos que eu, e as vezes, apesar do choque de gerações e conceitos, isso tem vantagens como essas.

http://www.papel40kg.com/

Paulão Fardadão Cheio de Bala disse...

Volta e meia me acusam de ser cruel. O horóscopo diz q é pq levo a imparcialidade e racionalidade da balança a extremos e isso choca as gentes passionais e noveleiras do mundo.

Esse povo do seu post devem ser parentes do Glup e do Glip, uns bichos transmorfos q faziam parte dos Herculóides.

Micael Araújo Andrade disse...

Oi, obrigado pelo comentário!
Não entendi o apesar do papel de parede! Rsrsrs!

Luís Paz disse...

Sou o caçula, e minha relação com meus irmãos é meio diferente kk

to seguindo, segue de volta?

www.luliskd.blogspot.com

Andy A. disse...

Não deveria ter esse choque de gerações porque uma pode complementar a outra
http://andyantunes.blogspot.com/

VeVe disse...

oh! q fofo! ^^
segui vc!

Dreamer Girl disse...

Que fofo, pena que eu não conheci esses personagens. Gosto muito do seu blog.