Não quis comentar na postagem de ontem porque preferi um parêntese fofo. Na mesma reportagem do Jornal Hoje que tratou do boom de casamentos no Japão, a camiseta de um rapaz entrevistado me deixou perplexa. Trazia estampado um monstrinho preto, cabeludo, ao lado de sua palhetinha de pintor. Poucas pessoas de 31 anos o reconheceriam, mas esta é a vantagem de ter irmã nove anos mais velha: vivem-se duas infâncias, nasce-se em duas gerações. E, por causa da infância dela – que se derramou pela minha –, tive a delícia de reencontrar ali meu velho amigo: um dos integrantes da família Barbapapa. Santa ploquice japonesa, Batman!
Os Barbapapas, chiquérrimos, nasceram em Paris (o nome de família vem do termo francês para “algodão-doce”) e protagonizaram animaçõezinhas saborosas no fim dos anos 70, exibidas pela Globo, além de ganharem um LP que escutei – querendo ou não – vezes a fio. Apesar do formato, eram joões nada bobos: o casal de adultos (Barbapapa e Barbamama) tinha sete rebentos coloridamente felizes, verdadeiro arco-íris de energia. A cada barbinha era atribuída uma característica: Barbabela (lilás) era a vaidosa; Barbaclic (azul), o cientista; Barbacuca (laranja), a estudiosa; Barbalala (verde), a musical; Barbaploc (vermelho), o esportista; Barbazoo (amarelo), o ecológico; e Barbatinta, que enfeitava o peito do transeunte japonês, o artista. Muito meu favorito, Barbatinta era apresentado pela narração do disquinho como o “único peludo numa família de pelados”. Adoro até hoje o trecho da canção que o descrevia: “É preto e como adora ser pintor! Às vezes tem manchinhas de outra cor...”.
Contentes em sua diversidade, os barbas eram hábeis numa coisa em comum: “mudar de forma e jeito”. Moldavam o próprio corpo a seu gosto e, sempre unidos e solidários, ajudavam-se (e aos outros) nos mais variados perrengues. Franceses de alminha elástica, brasileira. Uma curiosidade era a escolha da cor do patriarca, talvez inviável em nossos dias de vigilância e maledicência: “Barbapapa é cor-de-rosa, é mais rosado que uma rosa...”, dizia a musiquinha com a inocência que os anos não trazem mais. Ninguém se impressionava. Tento adivinhar a recepção que esses versos teriam, por exemplo, entre os baixitos da creche ali da esquina.
Mas isso é assunto para um próximo Darwin.
7 comentários:
Que curioso! Meus irmãos são 15 anos mais velhos que eu, e as vezes, apesar do choque de gerações e conceitos, isso tem vantagens como essas.
http://www.papel40kg.com/
Volta e meia me acusam de ser cruel. O horóscopo diz q é pq levo a imparcialidade e racionalidade da balança a extremos e isso choca as gentes passionais e noveleiras do mundo.
Esse povo do seu post devem ser parentes do Glup e do Glip, uns bichos transmorfos q faziam parte dos Herculóides.
Oi, obrigado pelo comentário!
Não entendi o apesar do papel de parede! Rsrsrs!
Sou o caçula, e minha relação com meus irmãos é meio diferente kk
to seguindo, segue de volta?
www.luliskd.blogspot.com
Não deveria ter esse choque de gerações porque uma pode complementar a outra
http://andyantunes.blogspot.com/
oh! q fofo! ^^
segui vc!
Que fofo, pena que eu não conheci esses personagens. Gosto muito do seu blog.
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