Descobri que, engraçadamente, hoje é o Dia da Usabilidade. Palavra grande e pomposa – com definições grandes, pomposas – para significar o simplicíssimo: capacidade de um troço ser útil sem encher o saco. Ser fácil de manobrar e eficiente. Ser aerodinâmico e preciso. Ser acessível e chegar pra resolver. Ser o instrumento do qual se diz: o cara. Não ficar de nhenhenhém ou burocracia desmiolada, que ninguém tem tempo a perder tentando traduzir manual em russo. Usável mesmo, aliás, não carece de manual nem em português.
A quantas anda nossa usabilidade? Viemos ao mundo para confundir ou para explicar? Para ser asfaltadores ou criadores de lombada? Para acrescentar muro ou ponte? Em termos práticos: gente imprevisível, por exemplo, que amanhece quindim e anoitece vinagre (ou vice-versa), que por igual motivo pode hoje te beijar a bochecha e amanhã esbofeteá-la, que tem chiliques vulcânicos – normalmente por causa de um nanomilímetro de poeira – ou serenidades assustadoras – não raro diante das maiores tragédias do globo –, pode ser carismática e fascinante, mas não é usável. Ignoramos como abordar ou estacionar. Não apresenta margem segura de manobra. Metamorfose ambulante feita de TNT, à qual não sabemos o jeito certo de dar uma noticiazinha, oferecer um suquinho, um favorzinho. Topa dar uma de Crô e pegar pela frente uma Tereza Cristina enlouquecida, topa ser assessor de uma banda de rock tresloucada, morar num prédio com reuniões de condomínio bipolares? Eu não. Tô fora do esporte radical de não saber onde pisar. Ainda e sempre prefiro gente com aquela velha opinião formada sobre tudo. Formada, pelo menos, durante um tempo razoável de convívio e manuseio. Não rígida, mas não inteiramente volátil. Nem gelatinosa.
Usável é quem nos acrescenta algum conforto sem intenção ou costume de retirá-lo. Uns pela voz de travesseiro – de conselhos que encaixam gostoso; outros, pelo aluguel fácil e gratuito do ouvido. Uns pela praticidade de contadores; outros, pela percepção de artistas. Uns pelo afeto distribuído sem impostos; outros, pela discrição exercida sem perguntas. Uns pela eficácia em consolar e outros pelo talento de repreender. Uns pela exatidão no gesto e outros pela pontaria na fala. Ou no silêncio. Uns no riso, outros no sóbrio. Uns no expediente, outros na viagem. Uns na reunião, outros na confidência. Todos em sua casa, em seu próprio melhor: hábeis, senhores, articulados, usáveis. Contribuintes para o sucesso sem enrolação.
Usáveis: quando guardamos o que somos debaixo daquilo que mais sabemos ser.
A quantas anda nossa usabilidade? Viemos ao mundo para confundir ou para explicar? Para ser asfaltadores ou criadores de lombada? Para acrescentar muro ou ponte? Em termos práticos: gente imprevisível, por exemplo, que amanhece quindim e anoitece vinagre (ou vice-versa), que por igual motivo pode hoje te beijar a bochecha e amanhã esbofeteá-la, que tem chiliques vulcânicos – normalmente por causa de um nanomilímetro de poeira – ou serenidades assustadoras – não raro diante das maiores tragédias do globo –, pode ser carismática e fascinante, mas não é usável. Ignoramos como abordar ou estacionar. Não apresenta margem segura de manobra. Metamorfose ambulante feita de TNT, à qual não sabemos o jeito certo de dar uma noticiazinha, oferecer um suquinho, um favorzinho. Topa dar uma de Crô e pegar pela frente uma Tereza Cristina enlouquecida, topa ser assessor de uma banda de rock tresloucada, morar num prédio com reuniões de condomínio bipolares? Eu não. Tô fora do esporte radical de não saber onde pisar. Ainda e sempre prefiro gente com aquela velha opinião formada sobre tudo. Formada, pelo menos, durante um tempo razoável de convívio e manuseio. Não rígida, mas não inteiramente volátil. Nem gelatinosa.
Usável é quem nos acrescenta algum conforto sem intenção ou costume de retirá-lo. Uns pela voz de travesseiro – de conselhos que encaixam gostoso; outros, pelo aluguel fácil e gratuito do ouvido. Uns pela praticidade de contadores; outros, pela percepção de artistas. Uns pelo afeto distribuído sem impostos; outros, pela discrição exercida sem perguntas. Uns pela eficácia em consolar e outros pelo talento de repreender. Uns pela exatidão no gesto e outros pela pontaria na fala. Ou no silêncio. Uns no riso, outros no sóbrio. Uns no expediente, outros na viagem. Uns na reunião, outros na confidência. Todos em sua casa, em seu próprio melhor: hábeis, senhores, articulados, usáveis. Contribuintes para o sucesso sem enrolação.
Usáveis: quando guardamos o que somos debaixo daquilo que mais sabemos ser.
6 comentários:
que belo texto, adoro essas filosofias !!!
tudo na vida é utilizavél
http://rocknrollpost.blogspot.com/
gostei do texto! o que me desagrada mais é quando as pessoas se tormam descartaveis! nós não somos maquinas ou oubjetos. somos pessoas q amam, sofrem , sonham, choram e buscam a felicidade!
parabens pelo post!
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blogestarcomvoce.blogspot.com
adorei, texto muito bom!
Não devemos e nem podemos ser máquinas!
O exencila da vida é nos ultilizarmos para pratica do bem!!!
visite: www.inforblogba.tk seguindo, se gostar do meu sejá seguidor também.
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