Ironiquissimamente, o dia de hoje é chamado, em alguns países, Dia Feliz. Toda a ironia vem do fato de eu já ter estado em sala de aula momentos atrás e vivido alguns dos mais amargosos minutos de fracasso profissional. Porque chegar a novembro com uns tais desinteresses, deboches, grosserias e mesmo ofensas pesando no ouvido é, para dizer o mínimo, fracasso profissional. Só ilustro com o seguinte: a gente entra pessoa e sai lixo. Não há remota possibilidade de pegar uma 1603 de hoje pela frente e deixá-la senão mastigado, enfarofado, esfarelado e varrido de si.
Esmigalhada, estou no Dia Feliz. Muito bem. Fazer dele o quê? Recebo-o goela abaixo, com a esperança sorriso-amarelada dos condenados ao otimismo. No fundo sei que todos os amanhãs até dezembro, até fevereiro, até julho, até o seguinte dezembro serão igualmente desiludidos e abafados. Salvo loteria. Sei que os porvires nada terão de happy, a não ser na clareira que se abrirá com a lua de mel (pode-se casar todo ano?). Sei; mas não estou confortável com a ideia de me arrastar vermemente de salário em salário, tendo como únicos happy days feriados e findes. Vivo no estranho limbo dos que nem têm fantasias (salvo de loteria), nem estão aptos a se resignar com a infelicidade. Subsistem de turrões. Sem nadar. Agarrados ao mastro.
Sendo assim, o Dia Feliz é simultânea ironia e convite. Quase nenhuma alegria profissional me aguarda, e a despeito dessas tristezas vem a fome graúda de celebrar outros campos. São tantos os nossos campos. Tantas praias que não festejamos por preguiça de ser gratos ao hábito, ou por medo de que a excessiva satisfação, uma vez decantada, nos fuja ou cobre imposto. Trouxice. Pouca coisa há mais libertadora que nos achegar a nossos faróis. Porque, a sermos justos, seremos obrigados a reconhecer que vivemos numa terra onde eles estão em maioria.
Meu Fábio é um dos faróis, cada vez mais inteiro e colorido. Na família – nas famílias –, que sorte: um staff dedicadíssimo às grandes e pequenas necessidades. Staff imperfeito e impreciso como nós mesmos, apenas para nos confortar quanto a nossas imperfeições. Financeiramente, nenhuma riqueza, mas tudo em paz. Religiosamente, toda a riqueza e a esperada paz. Moradiamente, dois paraísos: o presente e o futuro. Socialmente, a amizade macia dos que perdoam nossas ausências.
Não, itens infelizes como uma ou outra 1603 não corroem um Dia Feliz. Este McDia de revertermos toda a nossa renda para a exaltação dos melhores lados e saneamento dos insalubres. Esta data querida em que as luzes da rotina fazem aniversário. Recuso-me a pisar, repisar e ruminar amarguras. Cante-se o oposto. Viva o oposto. Viva o que não vemos por costume e é o que nos salva da autodestruição.
Esmigalhada, estou no Dia Feliz. Muito bem. Fazer dele o quê? Recebo-o goela abaixo, com a esperança sorriso-amarelada dos condenados ao otimismo. No fundo sei que todos os amanhãs até dezembro, até fevereiro, até julho, até o seguinte dezembro serão igualmente desiludidos e abafados. Salvo loteria. Sei que os porvires nada terão de happy, a não ser na clareira que se abrirá com a lua de mel (pode-se casar todo ano?). Sei; mas não estou confortável com a ideia de me arrastar vermemente de salário em salário, tendo como únicos happy days feriados e findes. Vivo no estranho limbo dos que nem têm fantasias (salvo de loteria), nem estão aptos a se resignar com a infelicidade. Subsistem de turrões. Sem nadar. Agarrados ao mastro.
Sendo assim, o Dia Feliz é simultânea ironia e convite. Quase nenhuma alegria profissional me aguarda, e a despeito dessas tristezas vem a fome graúda de celebrar outros campos. São tantos os nossos campos. Tantas praias que não festejamos por preguiça de ser gratos ao hábito, ou por medo de que a excessiva satisfação, uma vez decantada, nos fuja ou cobre imposto. Trouxice. Pouca coisa há mais libertadora que nos achegar a nossos faróis. Porque, a sermos justos, seremos obrigados a reconhecer que vivemos numa terra onde eles estão em maioria.
Meu Fábio é um dos faróis, cada vez mais inteiro e colorido. Na família – nas famílias –, que sorte: um staff dedicadíssimo às grandes e pequenas necessidades. Staff imperfeito e impreciso como nós mesmos, apenas para nos confortar quanto a nossas imperfeições. Financeiramente, nenhuma riqueza, mas tudo em paz. Religiosamente, toda a riqueza e a esperada paz. Moradiamente, dois paraísos: o presente e o futuro. Socialmente, a amizade macia dos que perdoam nossas ausências.
Não, itens infelizes como uma ou outra 1603 não corroem um Dia Feliz. Este McDia de revertermos toda a nossa renda para a exaltação dos melhores lados e saneamento dos insalubres. Esta data querida em que as luzes da rotina fazem aniversário. Recuso-me a pisar, repisar e ruminar amarguras. Cante-se o oposto. Viva o oposto. Viva o que não vemos por costume e é o que nos salva da autodestruição.
4 comentários:
Eu tb queria casar todo ano, amiga! Com o mesmo marido, é claro!!
Hahahahaha!!! Mas, já que não podemos, vivamos nosso happy day de todo dia, nos melhores momentos - o jantar juntos depois de um dia inteiro de trabalho, o gargalhar juntos de si mesmos, o compartilhar um bom mergulho no mar, o malhar juntos etc. etc. etc.
Bjsssssssss.
Happy Day :D
PARABÉNS PELO BLOG
http://wagnermp3.blogspot.com/
PARABÉNS MUITO BOM SEU BLOG
provasetrapacas.blogspot.com
Nada como um dia apos o outro, o ruim é esperar que o tal dia chegue =(
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