quinta-feira, 28 de julho de 2011

Gripe suína

Ainda a má e velha H1N1? De jeito maneira. A epidemia atual é de espírito-porquice. Não é que um polonês de 34 anos, entediado talvez com o encaixe-a-máscara-afivele-o-cinto recitado pelas aeromoças, resolveu comunicar a existência de uma bomba dentro do avião? Isso aqui no Tom Jobim, com destino a Frankfurt. Polícia Federal chamada, aeronave deslocada para fora do terminal, passageiros e bagagens evacuados, Grupo de Bombas e Explosivos, cães farejadores. Coreografia completa. Nada de bomba, a não ser o adorável polonês, prontamente encaminhado para o presídio de Água Santa. A decolagem marcada para as 21h só ocorreu às 5h30, duas toneladas de resmungos mais pesada.

Num colégio de Nova Iguaçu, um fofíssimo de 16 anos decidiu usar tubo de desodorante para imitar (adivinha) uma bomba. Acabou detido. Já na delegacia – não sei se entre lágrimas de crocodilo ou risinhos de hiena, o que será pior? –, confessou que tudo não passava de “brincadeira”. Nessas horas é que papais e mamães se trancam no gabinete para rediscutir o testamento.

Francamente não entendo. Entendo o humor, as implicâncias saudáveis, as palavras que nascem dicionariamente ofensivas mas são ditas entre mútua galhofa. O jeito masculino de xingar e amofinar o outro com açúcar e afeto – só compreensível quando a intimidade transborda e a dinâmica do grupo justifica. Estou longe de entender, porém, o conceito de “brincadeira” em que alguém brinca à revelia. Não capto que graça existe em não partilhar a graça, em confiná-la à sua exclusiva vontade. Não percebo que plenitude possa haver em perpetuar o horror numa cidade tão chagada, sobressaltada, apreensiva. Que diversão se possa tirar de se achar tão incapaz, tão mesquinho, tão nadificado a ponto de só se destacar por destruir. Só ser potente o bastante para chutar a segurança alheia, fragmentar autoestimas, pulverizar afeições, demolir respeitos. Ter a mesma utilidade que um artefato de 200, 300g feito com meia dúzia de ferros e pedaços de porcaria.

Gente que merece o título faz o que só gente é capaz de fazer. Abraça, porque qualquer caco de 1cm arranha. Consola, porque qualquer buscapé de festa junina assusta. Anima, porque qualquer vírus de nanomilímetros destrói. Gente que quer aparecer – aparece em álbum de amigo. Gente que quer se destacar – batalha prêmio literário. Gente que quer entrar pra História – pesquisa cura de doença. Gente, mesmo, não derruba gente; junta mais gente e derruba muro.

Volta pro além, ô alma do focinho de tomada. Quem ri por último é porque ficou sozinho.

8 comentários:

Fábio Alves disse...

Ainda estou rindo com a foto da Miss Pig, rsrsrs...

Papo na língua disse...

Adorei o seu blog... Cheio de personalidade, hiper criativo. Pode ter certeza que visitarei sempre! =D

Dreamer Girl disse...

Fernanda, tem tanta gente por aí precisando ler o que você escreveu, precisando tomar vergonha na cara, merecendo esse puxão de orelhas...

Adoro a maneira como você escreve.
Beijos.
http://olhareseleituras.blogspot.com/

palavras ao vento disse...

bela reflexão...sabias palavras.;;

Nuti disse...

A foto é incrível... hashsahuashsa!!! O texto não fica atrás, é isso aí, se as pessoas fizessem algo mais altruísta ao invés de f*der com o outro, o mundo seria melhor!

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http://alteregodonuti.blogspot.com/

Unknown disse...

Da pra falar na minha lingua por favor?? Achei muito legal as pasrtes que entendi QI DE 25 é foda

Anderson Leite disse...

gostei gostei
^^


http://ministerioartecomdeus.blogspot.com/

Pedro Henrique disse...

KKK..ESSA FOTO FICO OTIMA!!..HAHA..TOMARA QUE EU NAO SEJA O ULTIMO A RIR..PQ ACHO QUE NAO FIQEI SOZINHO..HAHA

PARABENS PELO BLOG...

SEGUINDO...

http://ipinformundo.blogspot.com/