Que vou fazer se as propagandas de tevê andam me abordando mais que a programação oficial? Sou obrigada a seguir na série “comerciais”. “Qual foi a coisa mais incrível que você já viu?”, intimou-me outro dia o anúncio da Intel, exigindo resposta de bate-pronto. Homessa. Foi entrar a pergunta e o coração saiu do sossego. Culpadíssimo por não trazer a solução do enigma no bolso. Também que pessoa é essa, que não anda de sobreaviso caso o mundo a entreviste?
Confesso, acabrunhada, minha incapacidade de responder. Pelo menos com Resposta absoluta, de caixa alta e tudo. Pô, gente, assim é covardia. Depois de 31 anos de mundo mundo vasto mundo, como é que um ser humano sabe o arquivo onde anotou, a pasta onde guardou, o porta-joias onde malocou, a estante onde abandonou a coisa mais incrível que já viu? Vai ver foi tão perfeito, tão inteiro, tão intenso que a cabeça jogou fora depois de fruir o choque. Engoliu o momento que nem criança gulosa e não sobrou nem esqueleto. Vai ver foi o contrário: a coisa era a mais incrível até ano passado – mas quebrou, desbotou, lascou na ponta. Nosso lá ideal (como eu anteontem dizia) mudou-se para outro lá e não sobrou nem endereço. Seja o que seja. O caso é que seria horrivelmente injusto sacar uma delícia nossa para fazer, sozinha, o papel das sete maravilhas de nosso planeta.
Posso, no máximo, tentar escalar uma seleção de craques. Candidatos fortíssimos ao trono. A torre Eiffel iluminada seria um, se a tivesse visto e palpado e cheirado. Mas maravilha virtual não vale. O Castelo da Cinderela, então: metonímia do sonho tão sonhado, da hospedagem no paraíso. Aliás a Disney toda, em sua glória. O cheiro de canela da Disney. O sabonete de espuma da Disney. A entonação do funcionário da Disney. O chão que acende na Disney. A precisão doentia, a luz hipnótica, a música atordoante da Disney – lugar criado para te amar em prosa e verso, do cortejar ao gozar ao cortejar e perguntar se foi bom para você. Com um sorriso Disney nos lábios.
E eu sou mulher de deixar pra ser feliz na Disney? Qual. Felicidade que depende de passaporte demora em excesso. Todo dia deixo os olhos fazerem festa, todo dia eles arranjam seu próprio show de fogos; não os economizo. Lua cheia, turquesa de mar, cerejeira em flor, ipê em flor, buganvília em flor, dente-de-leão, bolha de sabão, crônica da Martha, desenho da Pixar, confissão (legítima) de culpa, pedido (verdadeiro) de desculpas, Moulin Rouge, Amélie Poulain, orquestra, coral, decoração, declaração, festa, surpresa. Tudo que é sólido o bastante de estar, com leveza de partir e plantar saudade. Incrível mesmo é isso: o que planta saudade. Grande ou não, com esperança ou não de reencontro em breve.
Bem-viver é espalhar nossos incríveis no tempo e ter, todo dia, nova linha de chegada.
6 comentários:
Oiii.. vs escreve muiiito beeim!!! Adoreei, seguindoo vs!!! Segue tbm!!!
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Beeijos[red] *-*
parabéns pelo seu blog seu texto é muito bacana tô seguindo seu blog segue o meu
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Menina, qual não foi minha surpresa ao tentar adicionar seu blog na minha lista de prediletos e ver q vc já está lá! Mas não sei pq não aparecem suas atualizaçoes pra mim...
Como sempre, ótimo texto!
Passa lá!
BeijO*-*
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seUS TEXTOS SÃO ÓTIMOS! AMO A MANEIRA Q VC ESCREVE E PASSA A IDÉIA!
BJS
Adoreiii o blog, e o post também.
Parabééns
conte com a minha visita sempre.
beijos sz'
espero que goste do meu também ,
http://rdlirio.blogspot.com
adorei o blog
estou te seguindo
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bjjs
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