6 de julho é – acredite – o Dia Mundial Contra os Passageiros Indesejáveis. Mais uma comemoração com algo de estapafúrdio e muito de necessário. Ou alguém nunca se irritou com os fulanos que (mesmo 432 estações antes daquela em que saltarão) aglomeram-se na porta do metrô? Com os viajantes que distribuem mochiladas com seu casco de tartaruga? Com os cidadãos que estão convencidos da excelência do próprio gosto musical e fazem questão de dispensar o fone para compartilhá-lo? Com os tipos que, em falta de assentos, apoiam-se nos sentantes? Com os sentantes que insistem em meter uma conversa no meio do sono, livro ou simples ócio mental do próximo? Com os donos de pernas que só se ajeitam nas cadeiras em ângulos de 140 graus? Isso para não falar dos elementos hardcore: portadores de ataque-de-pelanquite. Eles estão lá, azucrinando aeromoças por meio cubo de gelo a menos, aborrecendo vizinhos por meio centímetro de bagagem a mais, dando carteiradas como se. Sweethearts que fazem a gente olhar as janelas dos aviões e considerar se uma despressurizaçãozinha não valeria a pena afinal.
Mas esses, os garotos-enxaqueca do transporte nosso de cada dia, não são os piores. Marvados mesmo são nossos parasitas de estimação, os indesejáveis que levamos para passear no cá-dentro e, horror, voltam para casa conosco, acampam em nosso travesseiro, enchem de papel de bala nosso chão d’alma. A cisma do não-vai-dar-certo, a convicção do eu-não-mereço, a mágoa do eu-mereço-muito-mais, o veneno do ele-me-paga, o desespero do ele-não-me-paga, as toneladas do o-que-é-que-eu-tenho, a angústia do eu-já-deveria-ter – todos esses substantivos nada abstratos e mais do que compostos. Bando de persona non grata. Urubus de carniça. Convidados bem trapalhões que não pagam passagem e hospedagem, mas deixam a coisa porcamente situada para os verdadeiros inquilinos.
Problemas para abrir a janela? Veja se no banco desses tipinhos não tem um botãozito de ejeção. Se não tem, tome aqui um saquinho de pó de fadas reservado para emergências – e não se esqueça dos pensamentos felizes. Bon voyage!
Problemas para abrir a janela? Veja se no banco desses tipinhos não tem um botãozito de ejeção. Se não tem, tome aqui um saquinho de pó de fadas reservado para emergências – e não se esqueça dos pensamentos felizes. Bon voyage!
6 comentários:
Belo texto tudo verdade.
é vero, me irrata horrores...
uahuahu
siguindo
bjooo
http://meninos-cor-de-rosa.blogspot.com/
Hahahaha. É a treva, você tentando sair e 987435 pessoas no caminho.
Ahhh, to seguindo aqui!
Depois passa lá no meu.
http://www.garotasdizem.com/
Bj
kkkk eu nem sabia que esse dia existia .
http://fleonandthecity.blogspot.com/
Adoro essas comemorações inusitadas, rsrsrs
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