Aproveitemos o dia de São Judas Tadeu para colocar na pauta sonhos e desejos engolidos, nossas pretensões improváveis. Aquilo que damos tanto por bom quanto por perdido, aquelas esperanças que já não encaramos por pudor de nossa inocência, as decisões que alegremente tomaríamos não fosse o fantasma da implausibilidade. Aproveitemos. Não é todo dia que damos trégua à nossa vergonha de querer.
De querer ser útil profissionalmente, por exemplo – dando aulas em escolas do município. De querer ter a ousadia de convencer cada aluno abandonado por si mesmo a resgatar-se do autoesquecimento. De pretender tornar noções como responsabilidade e consequência magicamente compreensíveis. Simplesmente normais. Pelo menos normais. De pensar em fazê-los amar pensamentos, encaixar e desencaixar pensamentos por brinquedo e não por chicote. De esperar lhes dar fome e sede – das boas – como algum legado. De cogitar não deixar-lhes apenas números defuntos no boletim, mas uma herança social que preste.
De sonhar, também, ver um contexto social que preste: papéis e latinhas guardados na bolsa até a próxima lixeira (de coleta seletiva); broncas e indignações postas para fora sem esperar a próxima eleição (do que for); maiorias convencidas de não ser imperatrizes da verdade; minorias convencidas de não ser eternas vítimas; cadeias com cartão de ponto e contracheque para hóspedes; constituições com mais sins, mais nãos e menos talvezes; governos que tornem ONGs obsoletas; hospitais que tornem planos de saúde obsoletos; futuros que tornem nosso presente um coitadinho. Futuros de se falar em aquecimento global e mula sem cabeça no mesmo folclore.
Aproveitemos o dia para nos desapegar desse triste pouco que nos habituamos a ser. Para nos liberar de nossos preconceitos contra a felicidade longínqua. Para tacar na lixeira (de coleta seletiva) nossas manias de não conseguir, nossas decisões de não buscar, nossa serena aceitação da incapacidade. Livremo-nos da aridez do perfeitamente possível.
De querer ser útil profissionalmente, por exemplo – dando aulas em escolas do município. De querer ter a ousadia de convencer cada aluno abandonado por si mesmo a resgatar-se do autoesquecimento. De pretender tornar noções como responsabilidade e consequência magicamente compreensíveis. Simplesmente normais. Pelo menos normais. De pensar em fazê-los amar pensamentos, encaixar e desencaixar pensamentos por brinquedo e não por chicote. De esperar lhes dar fome e sede – das boas – como algum legado. De cogitar não deixar-lhes apenas números defuntos no boletim, mas uma herança social que preste.
De sonhar, também, ver um contexto social que preste: papéis e latinhas guardados na bolsa até a próxima lixeira (de coleta seletiva); broncas e indignações postas para fora sem esperar a próxima eleição (do que for); maiorias convencidas de não ser imperatrizes da verdade; minorias convencidas de não ser eternas vítimas; cadeias com cartão de ponto e contracheque para hóspedes; constituições com mais sins, mais nãos e menos talvezes; governos que tornem ONGs obsoletas; hospitais que tornem planos de saúde obsoletos; futuros que tornem nosso presente um coitadinho. Futuros de se falar em aquecimento global e mula sem cabeça no mesmo folclore.
Aproveitemos o dia para nos desapegar desse triste pouco que nos habituamos a ser. Para nos liberar de nossos preconceitos contra a felicidade longínqua. Para tacar na lixeira (de coleta seletiva) nossas manias de não conseguir, nossas decisões de não buscar, nossa serena aceitação da incapacidade. Livremo-nos da aridez do perfeitamente possível.
Nos impossíveis é que mora a única razoável sobrevivência.
4 comentários:
Muito legal ;D
Manter a fé.. sempre.
Mto fofo
Bjs
põe o seguidores ativo ;)
Fernanda, o jeito que você escreveu expôs bem que ser professor é um desafio. Hoje em dia, eu curso engenharia, não sei se algum dia eu curso alguma licenciatura, mas não sei, o amanhã é improvável e desconhecido. Parabéns pelo seu trabalho!
http://diariodagarotadevariasfaces.blogspot.com
sigo quem me segue e retribuo comentários
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