
Maria Francisca Teresa foi das almas mais deliciosas a se hospedar no planeta. Tinha a crença que mais me apaixona: as pequenices. Para usar suas palavras, não ousava querer fazer coisas extraordinárias, e sim fazer extraordinariamente bem as coisas ordinárias. Tanto que seu caminho para os altares foi chamado de “pequena via”. Lógica simples. Era-lhe improvável – como é improvável a 90% dos terráqueos – partir em missão para a África, presidir a França, inventar vacina, evitar guerra, sanar fome, curar morte. Era-lhe totalmente possível, no entanto, acompanhar a freira reclamona que não costumava ser a Miss Simpatia do convento (e deixar-lhe o pão já fatiado para o dia seguinte). Era-lhe possível engolir o resmungo quando outra irmã lavava roupa respingando-lhe o rosto de sabão. Ou quando o barulhito do terço de uma outra lhe perturbava as ideias. Não admira que Teresinha tenha passado à posteridade no diminutivo: foi em diminutivos que teceu sua enormidade, sua imensidão de obra. Feito colcha americana, costurou-se de minúcias, de detalhes, de entrelinhas, de delicadezas; em pouco mais de duas décadas, cobriu o mundo. Não deixou ninguém com os pés de fora. Teresinha era amor para mais de metro. Nunca usou sua pequeneza como desculpa para não ser grande.
Pois é o que fazemos, os medíocres: nos achamos demais para o pouco e insignificantes para o muito, excessivos para o que não conta e desnecessários para o que importa, desperdiçados pelo serviço e esmagados pelo sistema, guerreiros do nada e covardes de tudo. Nos “achamos” – mas não nos encontramos. Pelo menos não no cantinho que nos cabe. O único cantinho no qual somos reis, o único que conseguimos preencher inteiramente, desde que role esforço e capricho. E paciência como argamassa.
(Se o leitor for pudico demais para classificar isso de amor).
10 comentários:
Belo texto, belas palavras *-*
Adorei!
Parabéns pelo lindo blog, estou te seguindo :)
Bom final de semana, beeijos
http://refugiopcional.blogspot.com/
Rosas vermelhas com amor.
São as minhas flores prefiradas as rosas vermelhas. Sobre o post somos humanos e nada mais alem disso emoções razões tudo se confunde e se junto para algo ou para lgo é a natureza
muito bom curti
MUITO BELO SEU BLOG , ESTOU TE SEGUINDO TB , RETRIBUI ?
http://meeninasmulheres.blogspot.com/2011/10/oracao-da-mulher.html
seu blog é muito bonito e harmonioso1 só tem um problema: sua foto é um desenho (kkk).fico curioso pra saber quem vc é! se tiver face me procura - Cicero Edinaldo!. valeu. TCHAU! SUPER PODEROSA!
blogestarcomvoce.blogspot.com
Não conhecia nada de Santa Teresinha (as santas são tantas e seus motivos de serem, às vezes bizarros: visitei o museu de Arte Sacra em SJ Del Rey/MG e a história que li da santa Margarida foi qualquer coisa de... deixa quieto.)
A construção do seu texto é fenomenal, gostei muito desde o primeiro que li, mas esse da Santa Teresinha está por enquanto o meu predileto.
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Quanto à postagem que vc mencionou: recebi sim e está lá. É que passei a moderar comentários pra evitar os irritantes "parabéns pelo blog, passa no meu?" que a gente vive recebendo. A Temple Grandin é a mesma que inventou a máquina do abraço! Aproveita e receba um bem apertado! ABS!!
Somos tarados em flores, e no meu caso: Lírios brancos. Deve ser o místico, mas... Obrigado pelo comentário no blog. Foi o mais incitante. Beijos!
Obrigado pelos conselhos ortográficos, sou mais um daqueles viciados no corretor do windows que acabam deixando passar algumas coisas importantes...seus textos são impactantes e com certeza já ganhou um seguidor !
Volte sempre para me corrigir !
Alias tenho um texto novo na qual sua opinião e ajuda serão de grande valia !
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