terça-feira, 16 de agosto de 2011

Just because

Tão simpática essa expressão dos falantes de inglês. Just because. Você chega a um site de cartões virtuais e está lá a categoria: “just because”. Para-se no meio do dia, interrompe-se o trabalho, a revisão, a correção, o atendimento, o arquivamento, pensa-se em determinadíssima criatura e manda-se um cartão virtual assim, simples assim. Apenas porque. De repente é agosto (ou setembro), é inverno (ou verão), é terça-feira (quarta, sexta), dia de São Panfílio (ou Santa Gertrudes). Porque se acordou resfriado, porque o time joga hoje contra o Porangatubense, porque a meteorologia previu granizo para essa área escura do mapa, porque vai passar A lagoa azul na Sessão da tarde, porque a novela está na última semana, decretamos feriado. Hora de repassar a piada, de enviar o torpedo, de comprar o cartão-postal, de fazer o pavê de morango, de deixar o raminho de lavanda no travesseiro. Assim. Porque.

Vestimos a lingerie de seda importada sob o jeans e a camiseta da labuta. Comemos a trufa de sobremesa. Presenteamos a trufa de sobremesa. Vamos pela outra calçada. Vamos pelo outro quarteirão. Escutamos desapressados o garoto do violino. Trocamos o café pelo Ovomaltine. Roteirizamos o curta de animação. Fotografamos o jasmineiro do pátio. Matriculamo-nos na dança do ventre. Entramos no curso de francês. Saltamos dois pontos antes e seguimos descalços pela areia. Saltamos duas estações depois e visitamos o primeiro museu. Compramos o CD desconhecido. Vendemos o vestido de formatura. Decoramos três origamis. Comentamos em cinco blogs. Criamos um. Plantamos a semente de girassol. Oferecemos o buquê de tulipas. Escrevemos para o jornal. Inscrevemo-nos no concurso. Ressuscitamos sete contatos para um “olá” no Orkut. Marcamos convenção do Chapolim pelo Facebook. Deu na telha, deu vontade, deu saudade. Por quê? Porque.

Não estou, é claro, pirando na apologia da vontade soberana. Nossa vontade não é, não, soberana: acaba justinho em divisas de respeito, noção, caráter, juízo. Falo aqui da loucurinha inócua – necessária – que põe açúcar no day by day. Capricho de pequeno porte, capricho que é bagagem de mão. Pílulas de ser-humanice no meio do cimento. Sem esta sandice inesperada, sem este contrariar de nossos próprios planos, sem esta quebra de roteiro, o dia fica sendo (yaaaawn) exatamente o que seria. Que morna eficiência abraçamos. Que insossa produtividade engolimos. Que tediosa companhia nos somos (e, sim, é bem sem acento este “nos” – obliquamente).

Faça um favor, meu bem: olhe com menos desleixo, menos whatever, mais flerte e mais ternura este ser que o aguenta nas vinte e quatro horas do dia. Impressione-se.

9 comentários:

Papo na língua disse...

Adoreiiiiiiiiiiiiiiiii... ótimo seu post... escreve muito bem!

:)

http://paponalingua.blogspot.com/

Tαtαh disse...

A-M-E-I o post *-*

Dá uma passadinha lá!!!

http://echidellanima.blogspot.com/

Lucas Adonai disse...

Muuito bom ;D

Wanessa Carvalho :) disse...

lindooooo , aaaaaaaah !!!!!!!!!!1



uishiuhiash ,

estou seguindo seu blog !
segue o meu , se gostar ..

http://www.wanessacarvalhoem.blogspot.com/

um beijo ♥

Hachi disse...

aah achei bem fofo

grande Abraço

'The Dope Show'

Carol disse...

É, as coisas ocorrem "Apenas porque" tem que ocorrer.
Ameeei
http://oicarolina.wordpress.com/

Denise disse...

Uauuu!!! Como você escreve bem! E o mais importante: ESCREVE BONITO! TEM O QUE DIZER! Parabéns, menina!

E viva as sandices e o açúcar!!!

Beijo grande!

Lillo G. disse...

REALMENTE NANDITA... ESSE CARA TEM QUE OLHAR MAIS PRA VOCÊ NESSAS 24 HORAS DO DIA. ÓTIMA POSTAGEM, O DESENHO DO CEBOLINHA TÁ REPRESENTANDO UM MOMENTO QUE ESTOU PASSANDO AGORA. JUST BECAUSE AND SIMPLE AS THAT.


TEM POSTAGEM NOVA NO BLOG. PASSA LÁ, LEIA E COMENTE:
http://thebigdogtales.blogspot.com/

Anônimo disse...

Ficou ótimo, parabéns!!!
Meu blog:
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