sábado, 17 de setembro de 2011

Porta-volumes

Outra notícia – menos científica e mais bem-humorada – me chamou a atenção na semana. Durante quatro dias este mês, foi testada uma ideia curiosa numa loja da Ikea em Sidney, Austrália. A rede de móveis criou uma espécie de “creche” onde as mulheres podem estacionar seus acompanhantes masculinos enquanto demooooram nas compras. O espaço, batizado de Manland (“terra dos homens”), foi recheado de brinquedinhos: videogames, televisão, totó, máquinas de pinball. E hot dogs gratuitos! Após trinta minutos de recreio, um alarme toca no aparelhito que as moças recebem da loja quando deixam seus marmanjos na “garagem”. Hora de resgatá-los. Vem, diz tchau para seus amiguinhos, amanhã você volta.

O que achei? Achei fantástico. Pessoalmente nem tenho do que reclamar: o Fábio é um ser evoluído. Não se impacienta nem bufa com as minhas longas, meticulosas escolhas (eu é que, constrangida de fazê-lo esperar, evito compras acompanhada para poder chafurdar na indecisão mais à vontade). Mas me solidarizo plenamente com as senhor(it)as que arrastam azedumes pelo shopping, e me solidarizo plenamente com os rapazes que entram em estado de hibernação nos sofás das butiques. Ninguém merece. O que leva mesmo um casal a acreditar que horas de flagelação a dois são mais construtivas que uns momentos de saudável eu-sozinho?

Defendo, inclusive, que as possibilidades se ampliem. Um espaço feminino em estádios de futebol, digamos. Tudo bem, é bacana ter essa experiência antropológica vez por outra; se a rapariga não for fanática, porém, e se o jogo estiver num zero a zero tartaruguento contra o XV de Goianditubiara, por que não dar uma folga para a coitada aproveitar meia horinha do segundo tempo adiantando a manicure, fazendo massagem, yoga, hidratação, ergométrica? Outra: numa festa de quinze anos regada a funks com dor de dente, cantilenas Miley-Jonas-Bieber e trilha Rebelde, por que não uma salinha-oásis (com DJ particular) para papais e mamães dançarem o que interessa? Estacionar apenas crianças onde elas não nos perturbem – e não as perturbemos – é reflexo de um mundo injusto.

Entenda-se: não sou porta-voz da segregação. Extremamente ao contrário. Longe de mim pregar que marido e mulher, pais e filhos, primeira e terceira idades morem cada qual em seu quadrado, cada qual na jaulinha particular do zoológico, encontrando-se eventualmente na mesa do almoço. Acredito como ninguém em misturas, uniões, aprendizagens mútuas e novas experiências. Mas também acredito como ninguém na negatividade do grude, na opressão dos eventos forçados, no terror dos programas obrigatórios em que ressentimentos – longamente confinados no quartinho – acabam explodindo onde fazem maior número de vítimas. Impossível massacrar individualidades sem que virem bombas atômicas. Melhor desarmá-las por antecipação, dando-lhes seu próprio sossego e respiradouro.

Melhor é cultivar liberdades antes que o parceiro chegue à metáfora: até prisioneiros têm direito a seu banhozinho de sol.

9 comentários:

Lucas Adonai disse...

kkk
Muito bom!!

JehFinhO disse...

Muito bom que belo blog, parabéns

Anônimo disse...

Melhor que eles nos esperem em casa mesmo..rsrs!
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http://a-corujinha.blogspot.com/

Diva Déa disse...

Hahahahahahaha!!!!
Muito bom!!
Meu maridinho ia amar!! Ele deteeeeeesta fazer compras comigo, eu até já vou sozinha, haahahahah!!!

Anônimo disse...

poxa! que situação!!!!!!!!!!!!!!
abs

Heitor Regiani disse...

po isso é uma moda q devia pegar hehehe

enquanto as mulheres torram o cartão o credito nós precisamos dum point pra jogar algum game, bater um papo, tomar uma cerva bem gelada e tal

Marcelo Vitor disse...

A ideia não e ruim, mais espero que tenha sido as próprias mulheres a pagarem a conta das compras.

Dicas e Mulher disse...

Adoro ler seus textos...muito bom!!

Joy Barreto disse...

Olá, fazia um tempinho que eu não passava por aqui!
sempre mto legal a leitura!

bjos
até breve


http://joycebc.blogspot.com