Mário de Andrade dizia: ele era trezentos, era trezentos e cinquenta. Assim o Seu Chico. Nosso Chico. Nosso garooooto. Se não chegava a trezentos, de duzentos passava: pra riba de duzentas almas morando sob perucas e barbas e tapa-olhos e sobrancelhas, falando distintas vozes como um Pessoa de Maranguape. Vivendo distintas vidas, voando em diversos campos feito o Da Vinci (trinta, quarenta) que ele nasceu sendo. Não à toa careceu expandir-se numa cidade toda, habitar de eus sua Chico City. Assentar sua plantação de gente em terra produtiva. Neste mundo esquizofrênico e duas-caras – em que só tem tantã despedaçado nas próprias identidades –, Chico precisou ser mil para mais lucidamente ser um, precisou ser muitão de partes para mais fielmente ser inteiro. Para fazer rir com mais seriedade, fazer pensar com mais graça. Chico sabia, Chico dizia; nós cremos nele, e ainda assim se finou-se.
Se finou-se; transpôs-se o velho Chico. Mas não levou nosso imenso vácuo, nosso buraco negro de saudade para mais aquém do além, adonde que veve os mortos. A saudade fica e sará malígrina. A saudade fica e ainda morremos disso. Nós que éramos doooooidos por esse neguinho, nós que queríamos ter um pai-pai (um filho, um amigo, um parceiro de torcida, um amado mestre, um incontestável guru) assim, de repente estamos órfãos do prefeito, do profeta e do professor, do coronel e do malandro, do mordomo e do repórter, do jogador e do símbalo sescual. De repente morremos disso e só pensamos naquilo: que temos horror à morte, que queremos que a morte se exploda. Que pô, nosso Chico é xovem, e xovem é outro papo. Que sua saidinha dura a ligeireza de um vapt-vupt, porque afinal isso nos ama! isso nos ama. Mentira, Chico?...
(“Verdade”, diz: “Verdade”.)
Mas ai, que dor nos quartos, meios e inteiros: a voz que sempre tivemos garavada no peito em seus mil timbres, a voz que sempre houve não ouve – permanece ca-la-da. Em silêncio tranquilo nos recomenda alegria, alegria, e que a gente faça como ela: sorrrrria. Sorri ainda uma vez o seu techau.
E o nosso coração, ó.
Se finou-se; transpôs-se o velho Chico. Mas não levou nosso imenso vácuo, nosso buraco negro de saudade para mais aquém do além, adonde que veve os mortos. A saudade fica e sará malígrina. A saudade fica e ainda morremos disso. Nós que éramos doooooidos por esse neguinho, nós que queríamos ter um pai-pai (um filho, um amigo, um parceiro de torcida, um amado mestre, um incontestável guru) assim, de repente estamos órfãos do prefeito, do profeta e do professor, do coronel e do malandro, do mordomo e do repórter, do jogador e do símbalo sescual. De repente morremos disso e só pensamos naquilo: que temos horror à morte, que queremos que a morte se exploda. Que pô, nosso Chico é xovem, e xovem é outro papo. Que sua saidinha dura a ligeireza de um vapt-vupt, porque afinal isso nos ama! isso nos ama. Mentira, Chico?...
(“Verdade”, diz: “Verdade”.)
Mas ai, que dor nos quartos, meios e inteiros: a voz que sempre tivemos garavada no peito em seus mil timbres, a voz que sempre houve não ouve – permanece ca-la-da. Em silêncio tranquilo nos recomenda alegria, alegria, e que a gente faça como ela: sorrrrria. Sorri ainda uma vez o seu techau.
E o nosso coração, ó.
3 comentários:
hahaha, muito bom!
chico foi e sempre será o
maior humorista da história
não tenho a menor duvida disso.
Saudades eternas do nosso maior humorista Chico Anysio!
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