... Cidade que não careça lembrar data de fundação, porque não vê mérito no tempo que dura, no tempo que subsiste, e sim no que resta até que todas as assistências e saneamentos estejam cumpridos. Cidade que não insista em se orgulhar da beleza que lhe coube sem culpa, sem merecimento ou escolha, como a beldade oca que só se fia de seus encantos; cidade que core ante os elogios, que argumente (com razão) não ser responsável pela própria lindice, que prefira cumprimentos pela inteligência das realizações, pela precisão dos feitos, pela justeza das atitudes. Cidade que não se veja justificada pela formosura involuntária. Perdoada de seus deveres por meia dúzia de peles e curvas. Inocentada de suas ausências por duas dúzias de mares e sóis. Cidade com vergonha na Cara de Cão, cidade com força de ganhar o Pão. Inda que sem Açúcar.
Procura-se uma qualquer cidade que respeite a pobreza sem normalizá-la, que valorize a favela sem santificá-la, que sorria com o malandro sem mitificá-lo. Que traga a visita sem desprotegê-la. Que trate sequestro como lenda urbana, falta de decoro como perplexidade desconhecida. Que só por álbum recorde a última greve, só por arquivo descubra um último assalto, só por fantasia conceba a inimaginável violência, a falcatrua de ser vista com olhos arregalados de susto inédito. Uma cidade de causas possíveis. Uma cidade de desesperanças perdidas.
Procura-se uma cidade que não (des)monte na preguiça de seus verões, que tenha pachorra de caminhar com o resíduo até a próxima lixeira, que não crie desculpa para transferências, ineficiências, insuficiências de saldo, adiamentos de inauguração, incompletudes de inauguração forçada. Cidade de oceanos turquesa e intenções mais translúcidas, de bairros verdes e orçamentos mais, de crepúsculos de aplaudir e prefeitos idem. Cidade que só sambe se não há quem caia. Que só sapuque se não há quem chore. Que só seja sapeca se não há quem se veja sapecado. Logrado. Que no máximo exploda de confete e blusa de time, que não atine o que seja explodir de bueiro.
Quem encontrar, manda pro meu endereço. Aqui no Rio de Janeiro.
Procura-se uma qualquer cidade que respeite a pobreza sem normalizá-la, que valorize a favela sem santificá-la, que sorria com o malandro sem mitificá-lo. Que traga a visita sem desprotegê-la. Que trate sequestro como lenda urbana, falta de decoro como perplexidade desconhecida. Que só por álbum recorde a última greve, só por arquivo descubra um último assalto, só por fantasia conceba a inimaginável violência, a falcatrua de ser vista com olhos arregalados de susto inédito. Uma cidade de causas possíveis. Uma cidade de desesperanças perdidas.
Procura-se uma cidade que não (des)monte na preguiça de seus verões, que tenha pachorra de caminhar com o resíduo até a próxima lixeira, que não crie desculpa para transferências, ineficiências, insuficiências de saldo, adiamentos de inauguração, incompletudes de inauguração forçada. Cidade de oceanos turquesa e intenções mais translúcidas, de bairros verdes e orçamentos mais, de crepúsculos de aplaudir e prefeitos idem. Cidade que só sambe se não há quem caia. Que só sapuque se não há quem chore. Que só seja sapeca se não há quem se veja sapecado. Logrado. Que no máximo exploda de confete e blusa de time, que não atine o que seja explodir de bueiro.
Quem encontrar, manda pro meu endereço. Aqui no Rio de Janeiro.
3 comentários:
Bela declaração de amor ao LINDO RIO DE JANEIRO !!!
http://marynunesabreu.blogspot.com/
Ei, da uma passadinha no eu blog, e participa do sorteio http://meeninamulheer.blogspot.com/2012/03/sorteio.html
vc se inspira muito fácil e escreve muito bem e bem profundo *____*
estou te seguindo ! ^^
adorei seu comentário no meu blog
pam in
blog . com
@paminblog
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