
O chato perguntativo é a tia que não se satisfaz com sua declaração de não querer ter filhos, e resolve mergulhar fundíssimo nas razões de tamanha aberração. O chato perguntativo é a namoradanoivesposa que aguarda a final da Taça Rio para averiguar a opinião do consorte (sorte?) sobre a distribuição de seus quilos, gorduras e curvas. O chato perguntativo é o conhecido que não saca: você O-D-E-I-A o trabalho, e cada memória desnecessária acerca do trabalho vai descendo quadrada, ou subindo como um vômito novamente provocado, como uma repetida sessão de azia. O chato perguntativo é o, ah!, estrupício que não percebe: você tem pressa, você tem sono, você tem enfado nos olhos, você tem compromisso na agenda, você não tem interesse no assunto. Não quer desenvolver o assunto. O assunto não importa. Você quer que o assunto morra na linguagem fática, morra no elevador, morra na praia. O assunto é fita a ser cortada no próximo minuto que se inaugura, e não tratado de sociologia a revolucionar consciências pelos séculos dos séculos. O chato perguntativo, que saquinho, lhe dá mais importância que você mesmo. O chato perguntativo – haja paciência! – não tem a gentileza de deixar-se enrolar socialmente. Exige quens, ondes, quandos e porquês que lhe estão em falta clamorosa. O chato perguntativo ignora o charme dos vácuos, o sagrado dos silêncios, o delicado das camadas de neve iderretíveis. É a faca no meio da quiabice carioca. É o estuprador de vontades. Um saqueador. Um viking.
(O pior, meu nego, ainda é o chato desdenhativo, que se fecha em silencioso e excessivo respeito justinho quando você está prenhe de desabafos. O sujeito que ousa não te azucrinar nem dez minutitos durante a novela. Audácia.)
Um comentário:
Cheguei a ter tremedeiras durante a leitura me lembrando de alguns chatos perguntativos. Isso é de fato chato!!!
Eu gostei foi da frase: "Entre todos os chatos, não há pior do que aquele que não se pode tolerar em descanso de tela." Posso por no meu facebook???
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