Morri de rir com a notícia. Abusando de bom humor docemente genial, a torcida do Magdeburg – timeco da quarta divisão alemã – resolveu dar uma força pro clube desatolar das derrotas e do jejum de pontos. No jogo contra o Berliner AK’07, os fãs do Mag se postaram exatamente atrás do gol de ataque segurando setas coloridas, para ver se o time do coração reencontrava o caminho da rede. Deu semicerto: o velho Magdeburg seguiu as dicas e marcou seu golzito, embora não tenha deixado de engolir dois. Melhor que nada. Quanto mais não seja, pode orgulhar-se de ter alguns dos menos azedos torcedores já existidos.
Morri de rir, sim, e não só da graça do fato em si mesmo, mas da esperança feliz de ainda haver no mundo outras tantas manifestações de candura. Gente que não fica viciada em sucesso a ponto de torná-lo caso de morte sem vida, questão de xingamento e pancadaria. Gente capaz de não se transtornar com gol não feito e aproveitar até fracassos (próprios) como mote de autopiadas. Mais: gente que tem o talento de ensinar o caminho com leveza. Num tempo em que neanderthais se trucidam porque há outros neanderthais usando diferentes camisas; num tempo em que gorilas incitam novos gorilas a exterminar seres de distintas naturezas e opiniões; num tempo em que a conversa é no grito, a dica é no spray de pimenta e a orientação é no taser – há os que influenciam suave e coloridamente, os que dialogam com paciência criativa. Os que abraçam com carinho o que consideram vacilo e, em lugar da agressão urgente, da surdez voluntária, do dedo em riste a um centímetro do nariz alheio, escolhem a reprimenda macia com vaga para o riso moderado. Os que não deixam o erro (ou o que se julga como erro) órfão de compreensão. De chance. De gente.
Abençoadas as torcidas de primeira divisão – que torçam, embora, para times de quinta. Feliz do pequeno ou grande mundo que inclua staff de lealdade persistente e humor incondicional. Sortudo o objeto do amor que inteligentemente o ame. O que sobra aos adeptos do Magdeburg, e anda numa carência danada entre o nosso bando de corações xiitas, é isso: amor inteligente. Aquele que sabe dar endurecidinha na crítica sem deixar de polvilhar com algum açúcar de ternura. Jamais.
Morri de rir, sim, e não só da graça do fato em si mesmo, mas da esperança feliz de ainda haver no mundo outras tantas manifestações de candura. Gente que não fica viciada em sucesso a ponto de torná-lo caso de morte sem vida, questão de xingamento e pancadaria. Gente capaz de não se transtornar com gol não feito e aproveitar até fracassos (próprios) como mote de autopiadas. Mais: gente que tem o talento de ensinar o caminho com leveza. Num tempo em que neanderthais se trucidam porque há outros neanderthais usando diferentes camisas; num tempo em que gorilas incitam novos gorilas a exterminar seres de distintas naturezas e opiniões; num tempo em que a conversa é no grito, a dica é no spray de pimenta e a orientação é no taser – há os que influenciam suave e coloridamente, os que dialogam com paciência criativa. Os que abraçam com carinho o que consideram vacilo e, em lugar da agressão urgente, da surdez voluntária, do dedo em riste a um centímetro do nariz alheio, escolhem a reprimenda macia com vaga para o riso moderado. Os que não deixam o erro (ou o que se julga como erro) órfão de compreensão. De chance. De gente.
Abençoadas as torcidas de primeira divisão – que torçam, embora, para times de quinta. Feliz do pequeno ou grande mundo que inclua staff de lealdade persistente e humor incondicional. Sortudo o objeto do amor que inteligentemente o ame. O que sobra aos adeptos do Magdeburg, e anda numa carência danada entre o nosso bando de corações xiitas, é isso: amor inteligente. Aquele que sabe dar endurecidinha na crítica sem deixar de polvilhar com algum açúcar de ternura. Jamais.
2 comentários:
hahaha engraçado lendo seu texto, imagina ver uma proeza dessas, ai cada uma..
E tem gente que ainda fala que alemão é um povo frio e sem criatividade...robóticos.
Se fosse aqui no Brasil, a terra do bom humor, estariam quebrando os carros dos jogadores nas ruas.
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