quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Eu também


Adoro os comes japoneses – sem usar hashi. Não posso com kiwi. Detesto zumbi, mas vi The walking dead. Chamo de thread os fios twítticos, confio em alguns políticos (com olhos críticos), acho paleolíticos todos os combates, todas as guerras disparates. Não tenho currículo Lattes, que não careci.

Só com palavras é que jogo, e se for solitário o jogo; por medo do fogo não acendo vela, boto cautela imensa no fogão, não tenho condição de pôr pressão na panela. Vejo novela às vezes, sigo fundo as que sigo: não ligo de lhes ser fiel por oito meses.

Em toda refeição raspo o prato. Sou péssima em manter contato e péssima de entender vinho (apesar de ter, sozinho, um bom olfato). Sinto inato um pendor pela França, por dança, não por criança: dispenso tanta mudança. Acho um plano sensato.

Não passo roupa, que muita vida se poupa; passo o carnaval muito quieta; não manjo bicicleta. Só curto homem beta – nada de alfa cretino, cabotino, de espírito leonino disputador de espaço. Eu passo.

Gosto de História; sou time Grifinória; tenho boa memória pra nome de aluno – durante o ano letivo; vivo segurando a bolsa para arredar gatuno. Acho inoportuno o papo em transporte coletivo.

Nunca usei furadeira, tenho birra de madeira (que mancha, que arranha), topo lasanha mas declino nhoque. Rio de frases de para-choque, de placa hilária, de graça involuntária; comédia me atazana. Não conheço Havana, Liubliana, Budapeste, Bucareste, Punta del Este, Varsóvia, Monróvia, Assunção nem Campos do Jordão, Amã nem Amsterdam, Asmara nem Jericoacoara nem Olinda.

Ainda.

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