terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Sinopses distópicas que não sei se há, mas poderia haver


O governo sequestrador de determinado país proíbe árvores de Natal. Nem desenhos em cartões, nem luzinhas em palmeiras de rua, nem cones: pro-í-be. Pessoas adequadamente rebeldes dão de costurar e vestir roupas verdes com acoplamento de luzinhas, formando uma Gangue da Árvore de Natal que frequenta locais públicos encarnando as cujas – manifestos vivos, protestos perambulantes pelo direito à festa pressentida.

Uma jovem cientista desenvolve uma fórmula que a torna temporalmente fluida, apta para rolês curtos em eras alheias. No entanto, o colega psicopata (que tem pela moça daquelas típicas obsessões dúbias) rouba uma parte da substância e, para vingar-se da rejeição sofrida, vai ao passado matar ainda no berço alguns gênios inspiradores da cientista e guias da humanidade. Isso naturalmente atrasa horrores a evolução do planeta – e quando o vilão revela tudo à jovem, num presente alternativo em que ela nunca chegou a virar cientista, a revolta e o senso de responsabilidade a fazem sentir que é preciso desenvolver seus próprios recursos para repor a História num eixo mínimo.

Restolhos de poluição começam a reagir quimicamente com o ar e outros elementos, o que gera colateralices calamitosas: um ruído constante, rascante, insustentável que vai levando à loucura populações de grandes cidades. Algumas poucas pessoas imunes a essa influência precisarão atravessar hordas raivosas, praticamente zumbizadas, para conseguir abandonar suas próprias vizinhanças e buscar um locus amoenus o mais possivelmente rústico.

Restolhos de poluição começam a reagir etc. etc., o que gera a colateralice ainda mais calamitosa de ninguém saber mais se acordará. Literalmente. Uma estranha doença faz os cidadãos simplesmente "desligarem" durante o sono, sem garantias de que voltarão de cada dormida. Pesquisadores se debruçam, óbvio, sobre a moléstia que parece passar como o anjo bíblico da morte no Egito, mas existe a chata inconveniência de uns cientistas precisarem manter os outros permanentemente acordados e se arriscarem a matar/morrer também por privação de sono.

As máquinas não obedecem mais. Não parasitam a humanidade, não roubaram o sol, não desejam se esfalfar dominando o mundo: apenas não obedecem, fazem o que lhes dá no HD. É preciso que determinados profissionais (que passam a ser os mais disputadíssimos e remuneradíssimos) convençam a robozada insurgente a trabalhar como dantes, na base de uma nova psicologia. Claro está que esses maquinalistas humanérrimos se transformam, pouco a pouco, nos mais recentes ditadores do mundo, guerreadores entre si para ver quem controla a maior quantidade de tecnopsiquês.

E tudo já era, outra vez.

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