sábado, 19 de fevereiro de 2022

Eu


Há anos não leio revista. Odeio dentista. Esqueço sempre a palavra "maniqueísta". Seria romancista se houvera coragem. Só faço lista para blog e viagem. Concordo com vagem, amo batata. Sou procrastinadora nata. Curto programa de psicopata e quadro impressionista.

Vim noveleira da infância; não tolero intolerância; tenho fragrância de estimação, asco de mamão, paixão por saia rodada, nervoso de videochamada. Sou dada a atraso. Só nado no raso. Não crio caso por (quase) nada.

Não topo carnaval, excesso de sal, canal de esporte, esporte, corte em filme de tevê, óleo de dendê, clichê, dublê deslumbrado de herdeiro, programa açougueiro. Estou farta de fevereiro. Deixaria o ano inteiro a árvore de Natal.

Adoro cor de opalina, enxovalzito de menina, vitamina, pescaria de festa junina; detesto faxina mais que posso dizê-lo. Não tomo banho sem lavar o cabelo. Tenho pesadelo de escola, zero jeito com bola, montes de sacola; fico o pó da rabiola em dez segundos de corrida. Nunca na vida provei carambola.

Me amarro em gente sardenta. Não engulo os anos setenta. Sou lenta de manhãzita, não curto visita, tenho alma eremita, boto laço de fita em presente. Prefiro o tempo pra frente, mas amo os mil e oitocentos. Dispenso rebentos. Quero divisões aos centos numa bolsa favorita.

Não deixo música tocando, não me movo em bando, nem sei quando tem jogo do time. Cansei de regime. Acho um crime o capitalismo (ou milhares). Sou doida em colares, e prática da nuca aos calcanhares, amando embora o Romantismo. Visto um otimismo de cores singulares.

Sou uma abreviatura de abismo.

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