Hoje se relembra Santo Expedito – aquele que dá mãozinha nas causas urgentes. Aproveito e peço a nosso amigo Expedito uma força no próprio ato de reconhecer as causas urgentes. Porque andamos assim: viciados na urgência das pequenezas e adiadores incontroláveis da essência. Fissurados em cada ninharia que nos arranca o couro! e tristes indiferentes ao fundamental que mendiga atenções, que implora miligramas de vergonha na cara. Assim estamos. Coisa vexatória. Caso de apertarmos o pause três, quatro vezes por dia para inspirarmos o mantra de essencialidades e desimportâncias –
Trocar o celular por uma iCoisinha da moda: pode esperar. Por futuros indeterminados. Pode esperar o fim das parcelas do carro, do cartão, do Leão. Pode esperar meia década, por baixo, se o treco estiver cumprindo a primordial função de falar e receber. Não consegue sacar se a voz do interlocutor é de homem ou de mulher? troque. Identificou perfeitamente que é a de sua tia de Porangatuba? a próxima iCoisinha pode esperar. No tempo que empregaria escolhendo e testando a iCoisinha na loja, ligue para sua avó (do celular véi de guerra mesmo). Raciocine o problema de trigonometria com seu filho. Elogie a redação da caçula. Ajude o vizinho a acomodar as compras no elevador. Escreva um cartão de fofuras coloridas para a esposa. Escute o marido desabafar as perrenguices do escritório. É urgente.
Atender o telefonema do chefe no meio do almoço, do banheiro, do cinema ou (crime!) das férias: pode esperar. O relatório há de ser mais bem concluído por funcionários sem indigestão, sem necessidade pendente, sem vida sociocultural abortada, sem instante familiar mutilado. Chefão deu piti de querer arrancar as meias pela cabeça? aí que espera mesmo, até baixar a bola de louco furioso. Não deu piti? belezinha; percebeu que já é menino crescido e sabe lidar com breves frustrações. Em vez de se rasgar em cinco partes para cumprir 18 demandas simultâneas de big boss que ignora as leis da física, despedace-se em elogios ao noivo. Liste 18 músicas do casal para copiar num CD de aniversário. O buldogue de olhar pidão, há quantos meses não lembra que tem quintal e buldogue de olhar pidão? jogue umas bolinhas com gosto, para adoçar o dia do coitado. Cace o primo de terceiro grau no Facebook. Apresente-se. Mande uma mensagem pro velho prôfi porque encontrou um caderno antigo. Planeje festa de despedida pro senhorzinho da xerox que alcançou aposentadoria. Diga saudades. Tenho saudades. Você deixou, deixará saudades. É urgente.
Aceitar o trampo que vai te render três mil a mais e três filhos a menos: adie pra nunca. Fazer as malas pra viagem a Veneza que surgiu num concurso de supermercado: dentro de no máximo 26 segundos. Chamar o técnico pro ar-condicionado do quarto dos meninos: ainda aguarda dois ou três dias bastantes pra família inteira brincar de acampamento. Comprar sabonete glicerinado pro chá de bebê da secretária: só a demora de chegar à drogaria da esquina. Bolar trote pros calouros que iniciam o curso amanhã: cancele pelo resto da existência. Tirar satisfações com o síndico porque o vizinho botou vaso gigante na porta: agende para jamais. Desengasgar o eu-te-amo: hoje. Soluçar um me-perdoa: agora. Sorrir dizendo conta-comigo, e pôr verdade: sempre.
Para ceder à antiquada maratona das vaidades sem propósito, não tem calendário que chegue. Para pendurar um zip-a-dee-doo-dah no próprio dia ou no alheio, o prazo é até um minuto pra daqui a pouco.
Trocar o celular por uma iCoisinha da moda: pode esperar. Por futuros indeterminados. Pode esperar o fim das parcelas do carro, do cartão, do Leão. Pode esperar meia década, por baixo, se o treco estiver cumprindo a primordial função de falar e receber. Não consegue sacar se a voz do interlocutor é de homem ou de mulher? troque. Identificou perfeitamente que é a de sua tia de Porangatuba? a próxima iCoisinha pode esperar. No tempo que empregaria escolhendo e testando a iCoisinha na loja, ligue para sua avó (do celular véi de guerra mesmo). Raciocine o problema de trigonometria com seu filho. Elogie a redação da caçula. Ajude o vizinho a acomodar as compras no elevador. Escreva um cartão de fofuras coloridas para a esposa. Escute o marido desabafar as perrenguices do escritório. É urgente.
Atender o telefonema do chefe no meio do almoço, do banheiro, do cinema ou (crime!) das férias: pode esperar. O relatório há de ser mais bem concluído por funcionários sem indigestão, sem necessidade pendente, sem vida sociocultural abortada, sem instante familiar mutilado. Chefão deu piti de querer arrancar as meias pela cabeça? aí que espera mesmo, até baixar a bola de louco furioso. Não deu piti? belezinha; percebeu que já é menino crescido e sabe lidar com breves frustrações. Em vez de se rasgar em cinco partes para cumprir 18 demandas simultâneas de big boss que ignora as leis da física, despedace-se em elogios ao noivo. Liste 18 músicas do casal para copiar num CD de aniversário. O buldogue de olhar pidão, há quantos meses não lembra que tem quintal e buldogue de olhar pidão? jogue umas bolinhas com gosto, para adoçar o dia do coitado. Cace o primo de terceiro grau no Facebook. Apresente-se. Mande uma mensagem pro velho prôfi porque encontrou um caderno antigo. Planeje festa de despedida pro senhorzinho da xerox que alcançou aposentadoria. Diga saudades. Tenho saudades. Você deixou, deixará saudades. É urgente.
Aceitar o trampo que vai te render três mil a mais e três filhos a menos: adie pra nunca. Fazer as malas pra viagem a Veneza que surgiu num concurso de supermercado: dentro de no máximo 26 segundos. Chamar o técnico pro ar-condicionado do quarto dos meninos: ainda aguarda dois ou três dias bastantes pra família inteira brincar de acampamento. Comprar sabonete glicerinado pro chá de bebê da secretária: só a demora de chegar à drogaria da esquina. Bolar trote pros calouros que iniciam o curso amanhã: cancele pelo resto da existência. Tirar satisfações com o síndico porque o vizinho botou vaso gigante na porta: agende para jamais. Desengasgar o eu-te-amo: hoje. Soluçar um me-perdoa: agora. Sorrir dizendo conta-comigo, e pôr verdade: sempre.
Para ceder à antiquada maratona das vaidades sem propósito, não tem calendário que chegue. Para pendurar um zip-a-dee-doo-dah no próprio dia ou no alheio, o prazo é até um minuto pra daqui a pouco.
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