sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Lira de Marília


Eu, Marília, não tenho um verdadeiro
saber do que você nos tem cantado;
sou péssima de hits: um inteiro,
ou dois – é só o que haverei escutado.
Entretanto, que importa agora isto,
que alguém adore o estilo ou não o aceite?
Importa que se chore, e se respeite
a dor desse revés tão imprevisto.
        Seja, Marília bela,
        seja uma eterna estrela!

Que vida havia ainda no horizonte!
Sucesso, entusiasmo, um filho amado;
mas cada nova estrela que desponte
agora há de somar-se ao seu legado.
Tamanha força a sua voz continha
que não há ser vivente que a conteste;
fazendo-se soar de oeste a leste,
foi pra milhões de fãs uma rainha.
        Seja, Marília bela,
        seja uma eterna estrela!

Se alguma brasileira porventura
não tem levado fé no ser cantora,
quem sabe se a resposta que procura
você não deu, por empoderadora?
Decerto o seu talento foi patrono
de muito dom recém-desabrochado;
quem dera a muito peito recalcado
poder dizer o mesmo em próprio abono!
        Seja, Marília bela,
        seja uma eterna estrela!

Os seus hits de força feminina
(aos quais a tradição raro se atreve)
dão gás à geração que se domina,
se enxerga, se relata e se descreve.
Tantas artistas que vão ser estouro
prosseguirão no feminejo afora
porque, Marília, foi você a autora
a dar-lhes mapa de um novo tesouro!
        Seja, Marília bela,
        seja uma eterna estrela!
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Quão cedo golpeou-a a mão da morte,
quão breve a sua estada nesta terra...
Sempre é de intensidade estranha e forte
a vida que tão curta assim se encerra.
São vidas de cometa, sempre prestes,
ou vidas sempre prontas, como as flores;
repousem só no amor esses amores
que, amados como são, já são celestes.
        Seja, Marília bela,
        seja uma eterna estrela!

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