segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Noivinha do Aristides

O meme da vez é a noivinha do Aristides, epíteto com que o coiso-mor foi mimoseado por uma mulher a quem a empreitada rendeu PRISÃO. Pouco se me dá quem seja Aristides (parece que foi instrutor de judô do criaturo nos tempos de caserna), pouco se me dá que haja fotos no mínimo sugestivas do criaturo com o Aristides; as únicas coisas chocantes da história são: 1) a prisão completamente arbitrária de uma pessoa que, afinal, exerceu a liberdade de expressão tão ferrenhamente defendida pelos coisonaristas, e 2) a estrupicidade, o estrupicismo, a energumenez de alguém que, ao que parece, fica ofendido de ser chamado noivinha do Aristides e faz questão de dar o máximo de visibilidade ao caso, reagindo violentamente ao que considera xingamento em vez de apenas seguir o baile. Até para dar um chilique é necessário observar regrinhas básicas de lógica; quanto mais intempestiva a resposta a uma provocação, mais certo fica o desafeto de que pegou no nervo, e menos disposto se vê a soltá-lo. Houvesse um pouco de inteligência do "xingado", teria sido um incidente sem quaisquer registros, sem qualquer importância; a reação despótica e destemperada chamou toooodos os holofotes disponíveis no planeta, averiguaram-se passados, escarafuncharam-se arquivos e pronto, eis o chiliquento devidamente apelidado noivinha do Aristides pelo Brasil inteiro. Com direito a ibagens.

Mas é aquilo: coisonaristas são, além de profundamente preconceituosos, profundamente burros. Acham eles que alguém da oposição – quase toda composta pela esquerda em todas as suas vertentes – de fato considera vergonhoso ter qualquer tipo de relacionamento hipotético com o Aristides? De forma alguma; o preconceito não é tendência do lado de cá, jamais julgaríamos mal fosse qual fosse o ser humano que se apaixonasse pelo Aristides, sujeito muito bem-apessoado por sinal. O motor único e exclusivo do bullying que se espraiou do Oiapoque ao Chuí foi a ciência do preconceito DELES, a certeza de que é o recurso mais à mão para amofinar tanto quanto possível quem anda matando o país de fome e miséria; ou seja: tem-se aí um caso, e bastante leve até, de legítima defesa. Ou alguém se lembraria de recriminar, por exemplo, um escravo que chutasse seu algoz bem no centrão de sua maior ferida? ou alguém acusaria uma mulher vítima de espancamento pelo fato de ter cravado uma tesoura nos países baixos de seu agressor? Não mesmo; independentemente de boniteza (não existe violência bonita), devolutivas são naturais quando se está sob opressão, e eis que se encontra sob terrível opressão um país todinho; ora, o refém vai enfiar sim o dedo nos olhos do sequestrador, vai chamá-lo de tudo quando mais lhe for incômodo. É certo? Errada seria eu, migues, se me metesse a julgar a conduta de um torturado. Logo euzita é que não vou de superioridade moral pra cima de ninguém.

Pessoalmente acho uma pena enorme que qualquer imaginária relação com o Aristides não tenha dado em casamento, e juro não estar de zoeira: no caso de isso acontecer seria um sinal claríssimo de que uma avalanche de recalques doentios teria sido superada, uma psiquê 1.098% mais saudável se encontraria sentada na cadeira-mor da União e tudo faz pensar que não estaríamos vivendo esse inferno socioeconômico, cultural, antropológico. O que há a ser plenamente vivido, se não o for, necrosa e vai destruindo tudo de arrastão, carregando tudo consigo para o mesmo Hades, o mesmo buraco.

Já gente feliz não enche o saco.

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