quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Querer não é poder


Derramar o salário na Estante Virtual; amassar bebês alheios; viver de amanteigado e batata frita. Escoar a madrugada em programas de serial killer (para assistir, não para fazer, naturalmente). Descer escorregadamente à la bombeiro americano. Voar de primeira classe. Emplacar piscina de bolinhas na sala. Ter – eu disse TER – uma biblioteca. Manejar um sabre de luz.

Usar varinha mágica real/oficial. Montar um nichozito sofalmofadado de leitura – com passagem secreta. Enrolar uma buganvília na varanda. Dar na cara de negacionista. Dar casa para geral. Dispor de roupas e ambientes autolimpáveis, rejuntes antiemboloráveis e duas ou três máquinas personal desentulheiras. Não ser fisicamente obrigada ao sono. Tomar café sem azia e leite sem indigestão.

Realizar teletransporte, persuadir pelo toque, habitar casa na árvore (anda-me seriamente faltando a árvore), semear tirolesas no quintal (falta-me gritantemente o quintal). Tropeçar para uma Nárnia. Possuir com plenitudes um jardim secreto. Experienciar avatares na'vi. Surgir e ficar, via botton expresso, em Tomorrowland.

Fazer decolagens em dragões, pégasos, vassouras, hipogrifos; passar o dia em sebos brasileiros, portugueses, franceses; livrar criaturas exploradas dos respectivos exploradores; decorar apês de gente amiga; expulsar músicas-encosto; morar temporária e detalhadamente em Paris. Recantear minúcias de cidades, castelos, florestas, arquivos, aeroportos. Desenhar vestidos de noiva. Criar paciências milagrosas para a cozinha. Borrifar o mundo com essência de Starbucks.

Ganhar o Quem quer ser um milionário?. Nunca mais ter de tomar antidepressivos e omeprazóis. Meter correspondências e amizades interseculares com pessoas do XVIII e do XIX. Sacar de carpintaria. Sacar de costura. Sacar de artesanato. Desenvolver (para quem, lógico, não for psicopata) uma alternativa eficiente às prisões. Botar o mundo funcionando com energia solar e eólica. Distribuir curas. Escrever best-sellers babados também pelos críticos. Tomar posse fluente de pelo menos seis idiomas. Controlar a Força. Queimar o cosmo.

Operar num nível mui parente do impossível.

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