sábado, 20 de fevereiro de 2021

Missão Marte


Então a sonda Perseverance (adorei o nome e fico dizendo em voz alta: parrrsavírance!) pousou lindamente em Marte com engenho e arte, já diriam Camões e Drummond. Vai lá ficar o roverzinho correndo bons 20 quilômetros por uns dois anos, à cata de sinais de vida em companhia do parceirito Ingenuity, um robô helicóptero que fará jovens voos exploratórios de 3 a 10 metros de altura. Parrrrrsavírance deve perfurar o solo marciano, recolher, acondicionar e lacrar amostras de rochas, que provavelmente chegarão até nós quando uma planejada missão de 2026 for buscá-las – se será missão tripulada não sei dizer, não acredito já disponhamos de tecnologia para isso; mas que seria coisa bacana de ver com pipoca, seria. Eu, que em julho de 1969 ainda era uma das alminhas fofíssimas que brincavam na Escola da Vida de Soul, gostaria de ter agora a chance de acompanhar ao vivo esse segundo grande salto para a humanidade.

Enquanto os robozitos se aclimatam e desfazem as malas no quintal vizinho, ocorreu-me preparar uma pequena lista de encomendas para que, nas vaguinhas do expediente, garimpem pelos corredores do Planeta Vermelho, se não for abuso. Nada luxuoso não, só bricabraques que por acaso se extraviaram de nossas plagas azuis, como Bics que um dia foram e nunca voltaram; quem sabe não andam por lá, ou quem sabe não continuam fabricados em outra órbita depois que aqui saíram de moda ou de linha? Na dúvida (e na esperança), segue o rol devidamente blutufado para nossos heróis:

* Uns caramelos Nestlé de saudosa memória, que pelo menos segundo as leis da Terra grudavam no dente de maneira impossível;

* Um queijito cremoso Alouette sabor ervas finas; dava a rodo nos mercados e não mais que de repente escafedeu-se, transposto, talvez, para mercados mais aléns;

* Um ou dois celulares de botãozinho, já que o planeta anda em processo galopante de smartphoning e eu continuo com rematado horror às telas touch;

* ALGUÉM de qualquer formato, ou composto de qualquer substância disponível no universo, que me mate a dúvida cruel de muitos anos: qual PITOMBA de comercial antigo tocava aquela música "One more kiss, dear", da trilha de Blade runner? (Por gentileza, terráqueos, não me digam que nenhum; conheci a canção em alguma propaganda, eu sei, eu sei!);

* Algum sisteminha desobsoletador dessas máquinas que de 4 em 4 minutos ficam mais gagás. Em Marte não tem capitalismo (ainda) não, tem?

* Mais livros da George Sand: a produção terrestre é INSUFICIENTE, pronto, falei;

* (Nunca fui fã e continuo não sendo, mas em consideração aos que foram sempre:) um episódio satisfatoriamente filmado que salve os garotos da Caverna do Dragão, afinal;

* Um McArábia da Copa de 2002, pleeeeeeeease!

Nem é tanto assim, queridões; façam seu melhor, sei que conseguem, gorjeto bem. De repente já deixo até agendado para daqui a meia década um uber space que resgate alegremente os pacotinhos, sem que vocês precisem dar pinta no Rio (perigoso demais, eu compreendo). Qualquer item do pedido que encontrarem em prateleiras siderais – e que fizerem chegar a esta que vos blutufa – já vai configurar serviço 397.876.445.982 estrelas.

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