terça-feira, 22 de junho de 2021

Existe (mas não digo qual é)


Um romance policial no qual o assassino é o narrador.

Outro romance policial em que só a polícia sobrevive (sim, tooodo o resto vai para as cucuias).

Um animal que, apesar de não ter estômago, come mais do que os seres humanos: cerca de um quinto de seu próprio peso, diariamente.

Uma flor que abre à noite, permanece branquinha até as 9h da manhã seguinte e depois roseia. Roseia lindo.

Um inseto vesgo.

Um órgão do corpo humano que não sente dor.

Uma bebida alcoólica que (por garrafa) contém a essência de 62 formigas.

Um mamífero que produz seus poops em forma de cubo – acredita-se que, não sendo rolantes, as sujices quadradas dos bichinhos ajudam a marcar território.

Uma rede social cujo logotipo se chama Larry.

Dois filmes com 31 anos de separação nos quais o MESMO ator toca banjo.

Uma cidade na qual é proibido vender uma casa mal-assombrada sem avisar desse palpitante detalhe os compradores.

Uma cidade na qual latas de lixo ficam inclinadas, a fim de que ciclistas possam usá-las mais facinhamente.

Um animal marinho dotado de três corações e nove cérebros. QUANTOS problemas resolvidos no mundo, se a criatura em questão fosse terrestre, bípede, portadora de polegar opositor e usuária do WhatsApp!

Um bichengo que, em compensação, pode sobreviver alguns dias sem cabeça, o que se aproxima bem mais do que temos para hoje em termos de humanidade.

Um time de futebol em que chegou a jogar um goleiro de 73 anos.

Uma autora fabulosa que curtia escrever deitada na banheira.

Aves que, devidamente instruídas, conseguem distinguir entre um Monet e um Picasso.

E uma ave cujo olho é maior do que o cérebro.

Uma ilha do litoral paulista onde há cinco cobras por metro quadrado.

Um grande autor de nossa literatura que multou o próprio pai.

Quem é, quem são, não conto; pero que los hay – los hay.

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