sábado, 19 de junho de 2021

Pelas 500 mil perdas (e com a licença de Castro Alves)


Existe um povo que a bandeira empresta
Pra cobrir tanta infâmia e covardia!...
E deixa-a transformar-se na funesta
Mortalha de um país em pandemia!
Já foi um nosso símbolo; só resta
Ser, hoje, de homicídio alegoria.
Tragédia. O povo chora, chora tanto,
E o mundo nos contempla com espanto.

Auriverde pendão de minha terra
Que abraça um breu brutal e sem bonança;
Que às mãos desses facínoras se aferra
– Às mãos que patrocinam a matança:
Tu, que não ouves mais quem clama e berra
Contra o carrasco que entre mortos dança,
Antes virasses resto, cinza, tralha
Que servires de escudo a essa gentalha!...

Mortalidade atroz que um povo esmaga!
Desaba sobre nós o plano imundo
De quem se mostra a verdadeira praga,
Matando-nos segundo por segundo.
Mas é horror de mais!... e nada apaga
Perder os que adoramos mais que o mundo!
Haia! leva o bufão para o julgares!
Brasil! vamos honrar nossos milhares!

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