domingo, 1 de agosto de 2021

Só uma folheadinha


Estava me divertindo com um post do blog Listas Literárias que brinca de escalar 18 personagens da literatura mundial para um Big Brother no capricho. Tem de tudo (ou de todos): Gabriela com sua musice inocente, Dona Benta como "mestra das cozinhas e das histórias", Sherlock Holmes metendo dedução para ler o jogo, Hermione Granger e Anne with an E Shirley sendo as fadinhas sensatas, Christian Grey e Vadinho agitando os edredons... Folia boa, folia bonita. Naturalmente garrei interesse de bancar também a produtora de elenco hipotética, e desde já me contrato para a seleção de segundo-temporaders dessa espécie de Flip Noronha muy loca:

Antes de mais nada, Emília – a bonequinha de Lobato que é feita de pano, mas pensa (o que não é difícil) melhor que um ser humano, e articularia a treta da Casa absolutamente inteira; como construir qualquer furdunço decente sem esse monstrinho de macela? Eu adoraria vê-la interagindo implicantemente com o posudo Mr. Darcy de Orgulho e preconceito, com o sovinento Ebenezer Scrooge dUm conto de Natal (olho nas estalecas, meu povo!) e com a recalcadérrima Juliana dO primo Basílio, a quem a baixinha apelidaria de "cara de coruja seca" sem dúvida. Bote lá, também, Emma Bovary para apoquentar as ideias da lusa, que adooooora uma madame trabalhada no adultério; o oblíquo e dissimulado Escobar de Dom Casmurro, forte candidato a cair nas graças de Emma com suas mãos e olhos fugitivos; o doutor Victor Frankenstein com seu componente de genialidade atormentada – e enorme potencial de dar no saco de todos os participantes, tal a insistência em se isolar hermeticamente no quarto do líder; além de Sheherazade, claro, rainha das provas de resistência e BFF imediata da jovem Bovary, por motivos de ficção aguda.

Quem mais? Naturalmente a querida Blimunda, do Memorial do convento: ninguém melhor para fazer as máscaras caírem sem nem precisarem cair – acho prático. Kambili, de Hibisco roxo: uma heroína reprimida que seduza a audiência com a força e a assertividade até que enfim descobertas. Gregor Samsa, apenas para testar um negócio rapidão com o doutor Victor, e Sancho Pança, porque rima; brincadeirita: porque gente leal nunca é de mais e porque precisamos de embaixadores do bom senso. João Grilo, a raposa de Suassuna, para engabelar geral – com exceção de Blimunda e Emília (e especial interesse no senhor Scrooge). Macabéa, para que tenha sua hora de estrela. Florentino Ariza, para ser o tiozinho romântico e botar mais amor nestes tempos de cólera. Diadorim, poderosa e não binária. Penélope, matreira e estrategista. Henry Jekyll, provável parça de Frankenstein, desafeto de Blimunda, rival de Escobar e amiguinho curioso de Gregor.

Só não lhe peçam para assumir o Monstro.

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