quinta-feira, 15 de julho de 2021

No centenário de morte de Alphonsus de Guimaraens


Quando Alphonsus se volveu
Para este chão singular,
Teve as doçuras do céu,
Teve as tormentas do mar.

O amor que cedo perdeu
Banhou-o todo em luar...
Pôs-lhe os olhos sob um véu,
Pôs-lhe o peito sobre o altar.

E, no desalento seu,
Quis o poeta cantar
Mais o suspiro que o fel,
Menos a dor que o cismar.

E como um anjo escreveu
Seus monumentos de ar;
Fez da saudade – cinzel,
Fez da neblina – pilar.

As asas que Deus lhe deu
Se abriram de par em par...
Mente – pousou no papel;
Alma – voou a seu lar.

🐦🐦🐦

Hão de ficar pra sempre os velhos tomos,
Flores que vivem sem tombar um dia.
De versos seus, mil outros mais compomos,
Lembrando-nos daquele que os fazia.

As estrelas dirão – "Ai! pouco somos,
Ante o clarão de sua poesia..."
E pondo os olhos nele como pomos,
Hão de adorar o irmão que lhes sorria.

Maria, que lhe foi mãe carinhosa,
Que o viu nascer e amar, há de acolhê-lo
Em ninho de poemas e de prosa.

Os seus versos jamais serão defuntos,
Que vibram céus e terra ainda ao lê-lo,
E aspiram paz na paz de lê-lo juntos.

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