terça-feira, 6 de julho de 2021

Tudo que ninguém queria saber nem tinha intenção de perguntar


Vez em quando deparo por aí umas perguntinhas ao estilo "Você preferiria...", e fico besta de como 1) tem gente no mundo que se dedica a criar impasses e plantar dúvida nos corações humanos, e 2) em boa parte dos dilemas eu não faço a mais remota ideia do que prefiro. Mas vou fingir que superfaço, pleníssima, enquanto brinco de reunir aqui umas tantas questões a que ainda consigo responder com razoável integridade – até o fechamento do post:

Você preferiria só comer chocolate ou nunca mais comer chocolate?

Bastante cruel, porém não há muito que pensar: nunca mais comer chocolate, claro. Prefiro a parte salgada e a alegria que mora na variedade da dieta – sou vária e pássara por natureza irreprimível.

Você preferiria ser totalmente esquecida ou ser lembrada como uma pessoa ruim?

Não vejo o que possa haver de mais horrendo do que ser uma pessoa ruim, independentemente de como firmemos domicílio na memória alheia.

Você preferiria falar todos os idiomas do mundo ou conseguir conversar com os animais?

Todos os idiomas do mundo, sem pestanejices; eu estaria feita nas literaturas e viagens todas. O fato de amar os animais não me persuade suficientemente a virar uma doutora Dolittle.

Você preferiria ter o superpoder de voar ou o de ficar invisível?

Vejamos: curto fanaticamente discrição e privacidade, o que não estaria muito à mão caso eu saísse dando pintas flutuantes pelo planeta. Vamos de ficar invisível, é sorrateiro e malemolente que chegue – e pode ajudar a obter provas bem lindas de crimes diversos. Provas de baphonizar qualquer CPI.

Você preferiria ser capaz de ler os pensamentos ou de prever o futuro?

Prever o futuro, levando naturalmente no pacote a chance de mudá-lo.

Você preferiria viver uma vida que durasse mil anos ou dez vidas de cem anos cada?

Uma vida de mil, com uma só identidade e tempo bastantão para aprender e ajudar quanto pudesse, quanto atingisse. Para que ia querer trocar de jogador tantas vezes e perder umas boas décadas reconfigurando o HD formatado?

Você preferiria se tornar um personagem do seu livro ou do seu filme favorito?

Do filme é mais negócio, hein: eu continuaria no século XXI e passaria os dias no Montmartre, como BFF da Amélie.

Você preferiria ser presa por três anos sob a acusação de algo que não fez ou passar o resto da vida livre, convivendo com uma culpa terrível por algo que fez?

Ser acusada e presa injustamente por três anos, for sure; tem prisão mais real e masmorrenta que uma consciência intranquila?

Você preferiria nunca mais precisar dormir ou não precisar se alimentar?

Concordo que pertencer à turma da fotossíntese seria um SENHOR adianto em termos de orçamento, mas comer é bom e eu gosto; a dormir, por outro lado, sempre fui avessazinha, e adoraria ser aposentada da obrigação de gastar horas! com pesadelos de provas para as quais não estudei e trabalhos que não fiz pedidos por professores que não tenho. Ô, canseira.

Você preferiria sempre saber quando alguém está mentindo ou conseguir mentir sem jamais ser descoberta?

Não tenho o mais vago interesse em mentir nem sei para que o faria; já a habilidade de meter um manual do FBI e sacar por minimicroexpressões faciais se uma criatura está loroteira – eis um velho, balofo sonho de consumo.

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E por aqui encerro a primeira sessão do jogo autobrincado, exausta de imaginários problemas. Até os próximos dilemas.

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