sábado, 17 de julho de 2021

Terceiro compêndio irritado de coisas irritantes


Moçoilos que têm barba e não têm bigode (impraticável, gente. O pacote completo ou nada). Criaturas que interrompem qualquer coisa, especialmente refeições, por motivos de DISCURSO. Criaturas que gratiluzem alegremente cada dia de trabalho e ainda emendam "vamo que vamo". Farofas que viram uma argamassa duvidosa no micro-ondas. Máscaras que escorreeeegam no rosto, embora compradas no menor tamanho disponível para humanos e com elástico 837-vezesmente trançado (as cirúrgicas não escorregam; ô, bênção!). Programas que começam antes do horário assinalado na grade, desconsiderando o fato de que necessitávamos daqueles 2,18 minutos para ligar a NET ou ir ao banheiro. Cravos que não se permitem espremidos, mas viram espinhas em represália. Peles, no dedo, que não se consegue deixar de cutucar e que não conseguem deixar de inflamar em resposta. Vozes dubladoras que só põem entonação de pergunta na frase aos 53 do segundo tempo. Novelas que metem sequestro no último capítulo. Novelas que OUSAM não escolher o Thiago Fragoso para a mocinha no último capítulo. Im-pra-ti-cá-vel.

Qualquer imagem da ou menção à prova da "comida" em No limite. Qualquer título de filme terminado em animal, quase perfeita(o), muito louca(o) ou pra cachorro. Taxistas engajados no projeto de conversar. Papéis furados perto DEMAIS da borda para que haja chance de evitar a tragédia. Água do banho mui precocemente esfriada. Batatas impescáveis nos fundilhões do pote de Pringles. Curiosidades postas em vídeo e não num texto insonoro, prático e civilizado. Hino, barulho de torcida e falação eterna no videogame do vizinho. Gente incapacitada para metáforas. Gente incapacitada para risos. Gente movida a "no meu tempo" (como se estabelecera contato direto da corte de Tutancâmon). Dicas de macho palestrinha. 20 segundos de macho palestrinha. "Não se engane" aplicado – geralmente por macho palestrinha – a coisas sobre as quais ninguém se engana, ou que têm - 156% de relevância para alguém querer se enganar. Tesouras cegas. Consciências caolhas.

Encher bolsa de água quente. Escrever em dia vazio d'alma. Ter de ir ao banheiro quando a cama já é puro aconchego redondinho. Achar penduradouros variados para máscaras que estão descorongando pela casa. Responder pela 2.899.349ésima vez que não, não tenho zap, não adianta ligar para meu celular, não adianta eu dar o número, fica desligado o dia inteiro. Cumprir prazos. Levantar os óculos para enxergar melhor de perto e atinar que eles já estão levantados. Só encontrar Vanish em pó. Esbarrar na figurinha errada e publicá-la. Correr pra dar mute no comercial de streaming dos canais Discovery, na esperança não passar o dia com aquela desgraça de música na cabeça (a música é linda – ESSA é que é a desgraça). Socializar no sono, na fome e na TPM, ainda que de maneira remota. Não poder DESVER a foto do coiso no hospital.

Pensar em 2022 sem saber o final.

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