domingo, 3 de outubro de 2021

Mais sinopses que talvez não existam para títulos que já


Cantando na chuva – Cinco jovens músicos desenvolvem instrumentos especialmente calculados para ganhar potência com uma sonoridade molhada. O projeto do grupo é curioso: entendendo que a empatia e o engajamento humano ficam maiores em momentos de chuva, os artistas passam a apresentar-se especificamente para pessoas que aguardam sob marquises de lojas durante os torós. A iniciativa conquista fãs e viraliza, até que um dos elementos da banda sofre um acidente de tempestade e os demais precisarão decidir se abrem ou não abrem mão de sua performância diferencial.

Amnésia – Uma sociedade gattacamente organizada pune de maneira cruel os transgressores: a cada ato considerado criminoso, o sistema apaga da memória do meliante uma parte feliz, importante, amorosa; muitas reincidências significam, portanto, uma deletada geral da personalidade. De início a estratégia realmente inibe pisadas fora da linha estabelecida, já que a maioria fica em pânico diante da possibilidade de perder suas melhores recordações; porém, a recorrência da punição sobre algumas criaturas corrói exatamente tudo que poderia salvá-las de imergir decididas no horror, de virar um vácuo disposto a todas as calamidades por não contar com nada em troca. Pior: pessoas exaustas do medo começam a invejar esses infelizes que, sem terem qualquer coisa a perder, aparentam gozar duma liberdade indiferente e trabalhada na afronta.

Brilho eterno de uma mente sem lembranças – Neste spin-off de Amnésia, uma mulher que foi das primeiras cobaias do sistema de apagamento de memórias – mas que acabou acidentalmente ficando sem nenhuma delas, uma vez que a submeteram à punição após um pequeno delito de adolescência, quando seu cérebro ainda estava em formação – erra pelo mundo a fim de tentar recompor algum traço de identidade. Acaba habitando e herdando o farol controlado por um senhorzinho a quem ajuda e que se torna seu amigo. Logo descobre, porém, que o farol não foi sempre apenas um farol, nem o senhorzinho um simples faroleiro: ambos estiveram sinistramente envolvidos na fase experimental do desmemoriamento sistêmico, e o tiozinho, há muitos anos mastigado de remorsos, QUIS deixar para a amiga recente (em quem reconheceu uma provável vítima de primeira hora) um grande documento de todos os horrores que não vieram a público.

Menina de ouro – Uma equipe de arqueólogos encontra uma estátua fabulosamente detalhada duma menina. A princípio, todos naturalmente acreditam se tratar de coisa artística, mas um escaneamento da peça mostra que existem órgãos vivos e pulsantes (de leve) sob a grossa camada de ouro. Embasbacam-se, claro, e começam a aventar a hipótese de a garotinha ter sido contemporânea e até parente do rei Midas, cujo poder aurificador talvez não tenha havido só em lenda. Não bastantemente, a menina parece conseguir comunicar suas aflições a todas as crianças que começam a aproximar-se dela como se a tivessem ouvido.

Com seu sexto sentido.

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