segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Todo mundo algum dia


cantarolou o tema de Bonequinha de luxo. Ou de Carruagens de fogo. Ou de Missão: impossível.

cantarolou o jingle dum candidato que nem nunca foi o seu.

cantarolou (pelo menos no Rio) a musiquinha do metrô.

monte-everestou roupas recém-usadas na cadeira.

enjoou no ônibus.

só descobriu sob a luz do sol que aquela roupa ou acessório não era beeeeem da cor imaginada.

só descobriu gírias ou músicas quando já estavam na pós-modinha.

recitou as preposições.

pôs (e perdeu) um treco num bolso furado.

discutiu sozinhamente – na própria língua ou na alheia.

sonhou que voltava para a escola e não tinha ideia do trabalho que precisava entregar.

se apaixonou por personagem de novela. Ou série. Ou filme.

viu amanhecer.

cortou o dedo finiiiiinho em folha de papel.

quis atravessar beladormecidamente um ano inteiro e desembarcar no próximo.

assistiu (ou leu) para saber quem matou.

ficou em desassossego agoniento enquanto não lembrou de onde conhecia aquela atriz.

parou para ver vídeo de pintura ou gambiarra.

pegou ranço da voz estridente do Baby.

perdeu horas de existência respondendo a fascista.

fez lista.

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