terça-feira, 24 de novembro de 2020

TEIMAMOS


Já que existe o PODEMOS, proponho a criação do TEIMAMOS: Turma que Elabora, Inventa, Maquina e Arquiteta um Mundo sem Opressão Social. Nós do (futuro) TEIMAMOS somos flor que se cheire, mas não somos osso que se roa; beiramos o insuportável ao insistir que sim, que nesta terra em se plantando dará tudo, por bem das gentes que tem. Se ainda não germinou o que devia, é caso de não ter escorrido chuva suficientemente ao encontro da floresta dormente – ao encontro do bioma inteiro de maravilhosidade humana que habita o território em promessa e latência. Entra aí a galera teimista: comprometida com a irrigação de cada bocado de talento, de cada vocação potencial, de cada aptidão esquadrinhada em cada milimetrinho de solo ora ignorado; onde houver sombra de capacidade possível, aí estará um teimista-mor lançando recursos com obstinação de colheita.

A especialidade do TEIMAMOS será peitar solenemente o improvável. Os partidários do fácil, do visível, do imediato não hão de nem passar na porta da sede, apavorados com a perspectiva de teimistas os cooptarem na base de uma ardente lucidez vestida de loucura. Diariamente o TEIMA (para os íntimos) se engajará em causas pré-perdidas contra empresas safadas e enormes, e embora não ganhe será o inferno dos CEOs até ganhar – amofinando de e-mails, zaps e telefonemas os escritórios, revezando acampamentos na frente dos prédios, fazendo projeções de denúncias noturnas nos circundantes edifícios, espalhando outdoors cobrantes, publicando nos jornais, distribuindo panfletos. Se não for pra ser mosca na sopa de magnata e político mamateiro, o TEIMA nem nasce; uma vez que nasça, é questão de honra e de plano registrado em cartório que a pressão sobre qualquer destruidor seja de 82 toneladas por minuto, que não haja um milissegundo de paz na vida de fascistas, racistas, machistas, foguistas, terraplanistas, negacionistas. Se TEIMAMOS, necessariamente requeremos. Pleiteamos. Exigimos. 

TEIMAMOS sobretudo em crer na força de permanência das estruturas descridas: a honestidade d'alma, primordial – não aquela de comício, oca, amorfa, e sim a profundamente arraigada no olhar para o mundo; a família como agente de acolhida e transformação – não aquela família fake e sórdida que os canalhas recitam, mas a que imensamente ama seja lá por quais laços de amor; a pátria como objeto de afeto legítimo – não a pátria de cores específicas, de palavras de ordem, de hinos decorados, de pedaços de pano, mas a pátria chão de todos, incluídas flora e fauna nesse grupo preciosíssimo; a pátria dos dela nativos e dos por ela adotados, a pátria pela qual se responsabiliza aguda e sinceramente a totalidade dos que a ela se ligam, a pátria extensiva até onde respirar gente, a pátria que por isso pode morar também em Mianmar, na Nicarágua, na Eslovênia, na Escócia, na Tunísia, na Micronésia, no Quênia, no Tadjiquistão. Dispensamos lero-lero e pieguice, abominamos nacionalismo escroto, fronteirice fanática, tudo que é excludente e tudo que é superficial: vamos com a prática, a terra, o húmus, o cultivo, o coletivo, o cooperativo, o inclusivo; vamos com os que produzem como solução e não como agravamento de rachaduras, vamos com os que não fazem rachadinhas, vamos com as bandeiras arco-íricas, vamos com os que não jogam nem garimpam ilegalmente as pedras, vamos com os que preferem imergir no mutirão e sobrepor tijolos. Vamos com os íntegros. Vamos com os ternos. (E não, ninguém está falando aqui de gravata ou paletó.)

Vai? pois vamos: juntos, tinhosos, cabeçudos. Teimistas do mundo, uni-vos em teimosíssimo distanciamento social! Tão loguinho saiam as doses maravilhosas da vacina, a gente combina um abraçaço de quilômetros para desenvolver com o devido amor a nossa maniFesta.

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