sábado, 3 de abril de 2021

Peso-plena

3 de abril, ao menos norte-americanamente falando, é uma datazinha leeeeve: configura, entre outras bobagices adoráveis, o Dia de Não Ir ao Trabalho a Não Ser Que Seja Divertido – vamos fingir por um momento que isso é viável, OK? então OK –, o Dia de Encontrar um Arco-Íris, o Dia da Guerra de Travesseiro (esse, aliás, comemorado internacionalmente no primeiro sábado de abril), o Dia da Mousse de Chocolate e o Dia de Brincar Lá Fora (para os brothers, todo primeiro sábado do mês). Não sei como tantas flutuâncias convergiram para uma só data, mas enjoyemos a abertura do portal, que estamos precisando, e nos demos ao desfrute de celebrar – porque sim – tudo que por um triz não desmancha no ar:

Suflê de cenoura; papel de seda; biscoito Globo (doce ou salgado, freguesa?); tutu, mantilha, véu, filó; pão de ló; arzito da manhã; chá de hortelã; Amélie Poulain; nuvem alvigordinha; pena, pluma, bruma, espuma; bolacha de água e sal; laço de Natal; chuvisco; balão; dente-de-leão; algodão. Algodão-doce. Tudo que não pensa como seria, se fosse. Tudo que não é tardo e não é precoce.

Bailarina. Gelatina. Cetim. Carpe diem. Pudim, manjar, sorvete. Flerte. Prímula, verbena, açucena, lisianto, agapanto na varanda. Lavanda. Ciranda. Salada. Página. Pássaro. Pétala. Pipa, fita, chita, crepom. Semitom. Vida sem batom – sem cinto – sem salto – sem sapato. Vida sem relógio, sem agenda. Vestido de renda. Vontade de menos. Locus amoenus.

Mais xilofone, menos smartphone. Pouca dieta, muita borboleta. Violeta. Maleta vazia. Suco de melancia. Fantasia de fada. Abobrinha ensopada. Recheio de goiabada. Recreio que não acaba: férias, quintal, brinquedo. Dia de não acordar cedo. Sede de água – e pronto. Compra com (MUITO) desconto. Canto de uirapuru. Peito de peru. Chuchu. Cheiro de pós-chuva. Cheiro de pão recente. Ar quente. Artes de picadeiro. Dança com parceiro que encaixa feito luva.

Merengue. Suspiro. Poema do Casimiro. Poema da Cecília. Almoço em família (sem papo de Biroliro). Musseline de baroa. Manhãs em Lisboa. Mamães amamentando. Parques de Orlando. Organza, crepe, tafetá. "Bora lá." Borda-mar. Bordado em lenço. Pedalinho em São Lourenço. Louça provençal. Floral. Aurora boreal. Outono tropical. Troca de aff por a fim. Menos job, mais Jobim. Mais alegria sem nem causa, sem nem estopim – e ainda assim:

Carpe diem.

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